1 de out de 2025 às 06:00
A Igreja celebra hoje (1º) santa Teresinha do Menino Jesus, que se tornou padroeira das missões, mesmo sem nunca ter deixado o Carmelo. A Igreja dedica todo o mês de outubro às missões. Ainda hoje, da clausura, carmelitas continuam sustentado a missão da Igreja com sua oração.
“A relação de santa Teresinha com a missão é porque a vida contemplativa tem esse critério de ser uma oração para o mundo”, disse à ACI Digital a irmã Ana de Jesus Maria, 50 anos, do Carmelo Nossa Senhora do Sorriso e Santa Teresinha, em Natal (RN). “E Ela tinha um zelo apostólico bem forte no coração dela de pregar o Evangelho de Jesus nos lugares mais distantes”.
Marie Françoise Thérèse Martin nasceu em Alençon, França, em 2 de janeiro de 1873. Entrou no Carmelo em Lisieux aos 15 anos de idade, com a autorização especial do papa Leão XIII por que ainda não tinha a idade regulamentar. “Ela queria ser um pouco de tudo na Igreja, sacerdote, missionário, mártir”, disse a irmã Teresinha de Santa Maria Menina, 25 anos, do Carmelo de Santa Teresinha, em Benevides (PA).
Em seus manuscritos autobiográficos, publicados pela primeira vez com o título História de uma Alma, Teresinha escreveu: “Quisera iluminar as almas, como o fizeram os profetas e os doutores, percorrendo o mundo, pregando o vosso Nome e plantando a vossa Cruz gloriosa em terras de infiéis, ó meu doce Amor! Não me bastaria, porém, uma só missão: quisera anunciar a um tempo o Evangelho em todas as partes do globo, ainda mais nas ilhas mais remotas. Quisera ser missionário, não durante alguns anos, mas tê-lo sido desde a criação do mundo e continuar a sê-lo até a consumação dos séculos”.
Ao se deparar com a carta de São Paulo aos Coríntios, entendeu que a Igreja é feita de diferentes membros e que “é o coração que pulsa o sangue para todo o corpo”, disse a irmã Teresinha. “Na vida contemplativa, de todo o corpo místico de Cristo, nós somos o coração”, entendeu santa Teresinha.
Foi quando a santa fez sua famosa exclamação: “Ó Jesus, meu amor! Encontrei, por fim, a minha vocação! A minha vocação é o amor! Sim, encontrei o lugar que me compete no seio da Igreja: esse lugar fostes vós que me destes, ó meu Deus: coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor!... Deste modo serei tudo, e assim se realizará o sonho de toda a minha vida”.
Oração pelas missões
Para a irmã Ana de Jesus, “a grande descoberta de santa Teresinha é justamente esse poder na vida dela, o poder da oração que não tem fronteiras, que não há nenhum muro que vá impedir a força da oração de sair”.
Segundo a carmelita, como acontece ainda hoje, na época de santa Teresinha, algumas pessoas, sejam leigos, padres, missionários, pediam orações para as carmelitas, que rezavam por eles. “E santa Teresinha teve dois irmãos missionários, ou seja, a ela foram confiados dois missionários que foram fazer missão, um na China e outro na África. Então, ela começou a se corresponder com esses dois missionários e levava a eles esse grande amor através de suas cartas. Ela falava muito para eles estarem apaixonados por Jesus ao ponto de, se fosse necessário, dar a vida por Ele”, contou.
“O Carmelo hoje também vive essa mesma dimensão”, disse a irmã Ana de Jesus. “Nós estamos aqui porque acreditamos que a nossa oração não tem fronteiras, vai ao mundo inteiro”, acrescentou.
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Ela citou a constituição apostólica Vultum Dei quaerere, do papa Francisco, sobre a vida contemplativa feminina. “Ele fala algo muito bonito, que nós somos faróis que levam a luz de Jesus para o mundo todo”, disse. “Através da nossa vida escondida, desse poder da oração que vem também da fé, que nós acreditamos que a nossa oração chega aonde Jesus quer que ela chegue”.
Irmã Ana de Jesus destacou ainda que no documento sobre a vida contemplativa, o papa Francisco disse “que hoje podemos pensar que o destino da humanidade se decide no coração orante e nos braços levantados das contemplativas”.
“É uma responsabilidade muito grande nossa saber que a Igreja confia essa missão para a gente e diz assim: vocês são capazes de levar o Evangelho através da oração de vocês”, disse.
A irmã Teresinha disse que essa oração “vai para todos os membros da Igreja, todos”. “Para os missionários principalmente, porque nós estamos aqui e nossa missão é a oração, mas aí fora precisa dos missionários que vão anunciar o Evangelho, porque precisamos das conversões”.
E a oração não acontece só em um determinado momento do dia. “Não é que a gente tenha, por exemplo, um horário próprio para rezar pelas missões. Ou alguma oração específica para rezar pelos missionários. Mas a nossa vida é uma contínua oração”, disse. “Cada momento da nossa vida é um oferecimento e tudo o que a gente faz aqui, a gente oferece pela Igreja”.
Todos devem rezar
A irmã Ana de Jesus disse que “a contemplativa tem que ter a vida de oração para sustentar o mundo”. Mas “todo cristão tem essa missão também de rezar”.
“As pessoas aí fora centram muito em si mesmas, no seu mundo, no seu ambiente e esquecem de olhar para fora de si”, disse. Para ela, hoje em dia, vive-se em um mundo com “uma enxurrada de informações” e, nesse contexto, muitas coisas “passam despercebidas. “Coisas que precisam da oração, pelas crianças que estão sofrendo, pelas pessoas nas guerras, pelos missionários bem distantes que estão sofrendo e que naquele diz precisam que alguém reze por eles”.
“Sem a oração, não tem como sustentar nenhuma missão”, disse a irmã Teresinha.
“Rezar pelo outro também é missão”, concluiu a irmã Ana de Jesus.





