Motociclistas armados ao menos 22 pessoas que participavam de uma cerimônia de batismo em um ataque a uma vila no oeste do Níger, um país da África Ocidental.

Vários meios de comunicação informaram que o ataque ocorreu na segunda-feira (15), na região de Tillaberi, perto de Burkina Faso e Mali, onde operam grupos radicais muçulmanos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico.

Segundo a empresa de comunicação inglesa BBC, um morador disse à agência de notícias francesa AFP que agressores mataram 15 pessoas em uma cerimônia de batismo na região de Tillaberi, que faz fronteira com Burkina Faso e Mali. Depois, mataram mais sete pessoas.

"Enquanto as pessoas celebravam uma cerimônia de batismo, homens armados abriram fogo, semeando morte e terror", dissse o ativista local pelos direitos civis Maikoul Zodi em uma publicação no Facebook na terça-feira (16).

"Mais uma vez, a região de Tillaberi, no departamento de Ouallam, na vila de Takoubatt, foi atingida pela barbárie, mergulhando famílias inocentes na dor e na desolação”, disse Zodi. “Enquanto os moradores se reuniam para celebrar um batismo, homens armados abriram fogo, semeando morte e terror".

 “Como ator da sociedade civil, inclino-me diante da memória das vítimas e expresso minha total solidariedade às famílias enlutadas e à comunidade de Takoubatt”, continuou.

O ativista questionou por que os civis continuam expostos a tanta insegurança e exortou o governo a priorizar a segurança e a dignidade dos cidadãos.

“A segurança e a dignidade dos cidadãos devem ser uma prioridade absoluta”, disse. “É hora de dar respostas concretas, fortalecer a presença do Estado em áreas vulneráveis ​​e demonstrar que a vida de cada nigerino importa”.

As autoridades do Níger reconheceram o ataque na zona, mas ainda não divulgaram números oficiais de vítimas.

A violência islâmica no Níger continua aumentando, com organizações de direitos humanos e vozes locais denunciando a falha das autoridades em proteger os civis, mais de um ano depois da tomada do poder pelos militares, segundo uma reportagem da BBC veiculada ontem (17).

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

A reportagem também mostra que a crescente insegurança ficou evidente novamente em 10 de setembro, quando 14 soldados nigerinos foram mortos em uma emboscada na região de Tillaberi.

Em seu boletim semanal, o exército informou que as tropas foram mobilizadas depois de denúncias de roubo de gado, mas terminaram caindo no que descreveram como "uma emboscada".

É difícil verificar de forma independente os números de vítimas por causa do acesso restrito às zonas de conflito e ao medo de represálias entre as testemunhas.

A Human Rights Watch (HRW), organização de defesa dos direitos humanos, denunciou que grupos armados intensificaram seus ataques desde março, matando ao menos 127 moradores e fiéis muçulmanos; casas também foram saqueadas e queimadas.

A organização acusou as autoridades do Níger de ignorar os apelos de ajuda dos moradores e de não responder aos repetidos alertas de ataques iminentes.

O Níger está sob controle militar desde que o general Abdourahmane Tchiani derrubou o presidente eleito Mohamed Bazoum em julho de 2023, prometendo restaurar a segurança. No entanto, a violência continua.

Uma coalizão pró-democracia recém-formada no Níger denunciou o que chamou de fracasso das autoridades militares no poder em lidar com a crescente insegurança depois dos ataques mortais de 10 de setembro.

A coalizão, chamada Cadre de Lutte contre les Dérives du Niger (CDN) — Fórum de Combate aos Abusos no Níger — foi lançada oficialmente em 12 de setembro e reúne líderes da sociedade civil, jornalistas, especialistas jurídicos e pesquisadores comprometidos com a resistência ao regime atual.

No seu primeiro pronunciamento, o grupo exigiu a organização de eleições livres e transparentes, o restabelecimento dos partidos políticos e sindicatos dissolvidos pela junta e a libertação do presidente deposto Mohamed Bazoum e de todos os outros presos políticos.