Congresso internacional e Jubileu celebram 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina no Rio Grande do Sul

9 de set de 2025 às 15:27

Há 75 anos, nasceu em Santa Maria (RS) a Campanha da Mãe Peregrina do Movimento Apostólico de Schoenstatt, criada pelo venerável João Luiz Pozzobon. Atualmente, a campanha está presente em todo o mundo. Para comemorar a data, acontece na cidade um congresso internacional sobre Pozzobon hoje (9) e amanhã (10) e vai acontecer de amanhã a domingo (14) um Jubileu, reunindo 700 representantes de 25 países.

“O Congresso está falando da pessoa de João Luiz Pozzobon e, depois, o Jubileu vai falar da obra dele, que é a Campanha” da Mãe Peregrina, disse à ACI Digital o provincial dos padres de Schoenstatt no Brasil, padre Vandemir Josué Meister, vice-postulador da causa de João Luiz Pozzobon.

João Luiz Pozzobon e a Campanha da Mãe Peregrina

A Campanha da Mãe Peregrina foi criada pelo venerável João Luiz Pozzobon. Ele participava do Movimento Apostólico de Schoenstatt, em Santa Maria.

Em 10 de setembro de 1950, recebeu no santuário em Santa Maria a imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, para com ela visitar as famílias. Tratava-se de uma iniciativa da família de Schoenstatt em preparação para a proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora, em 1º de novembro daquele ano. Mas, mesmo depois que acabou esse projeto, Pozzobon pediu para continuar peregrinando com a imagem.

João Pozzobon exerceu o seu apostolado de levar a Mãe Peregrina às famílias todos os dias, por 35 anos, até a sua morte em 27 de junho de 1985. Ele percorreu com a imagem 140 mil km. Ele também visitou escolas, hospitais, presídios.

Em 1959, a campanha com a visita da imagem peregrina às famílias já estava bem difundida.  Então, surgiu a iniciativa das pequenas imagens peregrinas, réplicas da imagem original que circulam por várias famílias.

João Pozzobon foi ordenado diácono permanente em 30 de dezembro de 1972.

Ele morreu em Santa Maria, em 27 de junho de 1985. Em 12 de dezembro de 1994, o então bispo de Santa Maria, dom Ivo Lorscheider, iniciou seu processo de beatificação.

O papa Leão XIV reconheceu as virtudes heroicas do servo de Deus João Luiz Pozzobon em 20 de junho deste ano. Com isso, passou a ser chamado venerável e é necessário o reconhecimento de um milagre por sua intercessão para ser beatificado.

Atualmente, a Campanha da Mãe Peregrina está presente em vários países, em todos os continentes. “Hoje se contabiliza para aproximadamente entre 130 e 140 países”, disse o padre Vandemir Meister, e há “umas 400 mil imagens [da Mãe Peregrina] no Brasil”.

Segundo o sacerdote, “a dinâmica da campanha foi desenvolvida pelo próprio João Luiz Pozzobon” e envolve “um grupo de 30 pessoas”, em que uma família é escolhida para ser “coordenadora, ou, nesse momento, usamos a palavra missionária”. Essa família missionária “vai cuidar para que a imagem esteja cada dia em uma família”. Além disso, a família missionária “tem uma visão geral dessas famílias, sabe que frequenta mais ou não frequenta [a igreja], quem tem sacramentos ou não”. Assim, “, a função deste missionário é integrar essas pessoas na sua paróquia” e, com isso, acaba “evangelizando coo João Luiz Pozzobon fazia, acompanhando a vida espiritual dessas 30 famílias”.

Hoje em dia, a campanha conta também com: “a imagem infanto-juvenil”, que passa entre as crianças das turmas de catequese, ficando uma semana com cada uma delas; a imagem “ocasional”, que circula entre grupos formados, por exemplo, “por trabalhadores de uma empresa”, pela “pastoral universitária”; e a “imagem dos cegos”, esculpida em madeira “para que o cego consiga perceber o rosto de Nossa Senhora com a mão” e que “percorre entre os cegos”.

Congresso internacional

O congresso internacional sobre João Luiz Pozzobon que acontece hoje e amanhã em Santa Maria é, segundo o padre Meister, “justamente para buscar com outro olhar das ciências, olhar a vida deste personagem e a grandiosidade de sua obra”, trazendo um olhar “a partir da Teologia, da História”, porque “estamos envolvendo a Universidade Federal de Santa Maria e a Universidade Franciscana”.

O padre Meister destacou a palestra do arcebispo de Santa Maria, dom Leomar Brustolin, hoje sobre a dimensão teológica pastoral de Pozzobon. “Ele nos chamou a atenção para olharmos a João Luiz Pozzobon não simplesmente com uma piedade popular simplista”, disse.

“Ele disse que por detrás dessa piedade popular que João Luiz Pozzobon promoveu através da campanha da mãe peregrina, existe uma pedagogia religiosa muito grande. E o primeiro elemento que se vê nessa pedagogia dele é a metodologia relacional”. Pozzobon era um homem que “primeiramente quer ter um contato humano com as pessoas, quer se aproximar das pessoas, ver a realidade das pessoas e a partir daí ele leva a dimensão da evangelização da fé”.

Segundo o padre Meister, dom Leomar “convida os padres, os teólogos, os seminaristas, a olharem para João Luiz Pozzobon como uma fonte de estudo e como inspiração”.

Outra dimensão destacada pelo sacerdote é a do diaconato permanente. “Ele vai ser o primeiro diácono permanente a ser beatificado, se tudo correr bem, a partir do Conselho Vaticano II”, disse. “Dom Leomar disse que João Luiz Pozzobon é uma maneira de os diáconos atuais olharem o que é ser diácono na Igreja. Primeiramente é a caridade, segundo, a Palavra, e depois a liturgia. O João Luiz Pozzobon vivenciou isso. Ele foi a caridade primeiro, levava a Palavra e depois a liturgia, levava as pessoas para a Igreja”, disse.

Além da “dimensão teológica pastoral” de Pozzobon, o congresso aborda “o aspecto histórico de como ele impregnou essa região [de Santa Maria] com o seu estilo de religiosidade”, o processo de beatificação e a “importância da Campanha da Mãe Peregrina para a Igreja”.

Jubileu dos 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina

Depois do Congresso Internacional, amanhã à noite começará o Jubileu dos 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina, com os 700 representantes de 25 países: Alemanha, Espanha, Portugal, Polônia, Croácia, Eslováquia, Itália, Luxemburgo, Estados Unidos, México, Guatemala, Peru, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil, Porto Rico, República Dominicana, Burundi, Índia e Filipinas.

O padre Vandemir Meister disse que o objetivo, “além de celebrar o jubileu de 75 anos”, é “a partilha das pessoas que puderem vir de outros países, do que existe da campanha de João Luiz Pozzobon”. “Então, tem pessoas que estão vindo de Burundi e eles vão trazer a experiência de Burundi, como a campanha está funcionando lá, naquela cultura, naquela realidade”, disse.

Para o padre, ao “olhar para a realidade de outro país, de outra cultura, é possível aprender”.

O provincial dos padres de Schoenstatt disse também que ao final do evento vai ser concluído o “documento de consenso da Campanha da Mãe Peregrina”. “A obra de João Luiz Pozzobon, a Campanha da Mãe Peregrina, ela tem essas características, mas ela não está engessada num esquema único. Então, eles buscam tirar um consenso entre todos os países na caminhada da campanha” em um documento que vai ser “aplicado em nossos países”.

Programação

O jubileu contará com uma programação aberta a todos, com a missa em ação de graças pelos 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, no dia 10 de setembro, às 19h30, no ginásio poliesportivo do Clube Recreativo Dores, seguida de procissão até o santuário Tabor. No dia 13 de setembro, haverá um momento de louvor mariano, no santuário Tabor, às 20h. No dia 14 de setembro, acontecerá a coroação das imagens peregrinas diante do santuário Tabor, às 8h30, seguida pela procissão até a basílica Nossa Senhora Medianeira, às 9h. Às 10h, será celebrada a missa de encerramento no altar do monumento de Nossa Senhora Medianeira. Essa missa terá transmissão ao vivo para Brasil e Portugal pela TV Canção Nova. Os demais países podem acompanhar pelo canal do Youtube da Canção Nova.

Para o padre Vandemir Meister, tudo isso contribui no processo de beatificação de João Luiz Pozzobon, ao dar “visibilidade”. “Tudo o que faz em relação ao candidato apresentado para a santidade, isso vem em contribuição para o processo dele, porque, para a Igreja, é importante qual é a visibilidade evangélica, pastoral, deste proposto à santidade”, disse.