Por Hannah Brockhaus
8 de set de 2025 às 15:32
As duas crianças mortas a tiros no mês passado numa igreja católica de Minneapolis, EUA, podem um dia ser inscritas na lista de "novos mártires e testemunhas da fé", disse disseram hoje (8) peritos da Santa Sé que compilam a lista.
Harper Moyski, de dez anos, e Fletcher Merkel, de oito anos, foram mortos em uma missa escolar paroquial na igreja católica da Anunciação em 27 de agosto por um homem que se identificava com o sexo oposto e gravou vídeos de inspiração satânica antes de cometer o crime.
“Se a diocese ou outras entidades eclesiais locais nos apresentarem essas figuras como testemunhas da fé, nós as examinaremos e veremos se podemos incluí-las na lista”, disse o bispo Fabio Fabene, presidente da Comissão dos Novos Mártires — Testemunhas da Fé da Santa Sé.
A comissão, criada pelo papa Francisco em 2023 sob o Dicastério para as Causas dos Santos, está compilando um arquivo das vidas de mártires cristãos, católicos e não católicos, que foram mortos no terceiro milênio (desde 2001).
Fabene e outros peritos disseram hoje que os critérios de seleção da comissão não são os mesmos usados pela Igreja para reconhecer formalmente um mártir por meio de beatificação e canonização. "São duas coisas totalmente distintas", disse o arcebispo.
Andrea Riccardi, vice-presidente da comissão e fundador da Comunidade de Sant'Egidio, disse que o trabalho da comissão é "preservar histórias e nomes no coração da Igreja, para que sua memória não se perca". A inclusão na lista de "novos mártires" da comissão não equivale a uma beatificação, disse ele.
Riccardi e especialistas falaram sobre as vítimas do tiroteio em Minneapolis, em resposta à pergunta de um repórter, numa entrevista coletiva para apresentar um culto ecumênico a ser liderado pelo papa Leão XIV no próximo domingo (14).
O culto, em memória dos mártires e testemunhas da fé do século XXI, será realizado na basílica de São Paulo Fora dos Muros na festa da Exaltação da Santa Cruz — que também coincide com o 70º aniversário de Leão XIV.
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O dia 14 de setembro foi escolhido para a liturgia "porque é a festa da Exaltação da Santa Cruz", disse Fabene. "Estamos muito felizes com isso [coincidência do aniversário do papa] e também para lhe desejar um feliz aniversário".
Delegados de 24 igrejas e tradições cristãs vão participar do serviço ecumênico, como o bispo metropolita Anthony Sevryuk, presidente do Departamento de Relações Externas da Igreja ortodoxa russa.
O evento do próximo domingo é similar a uma liturgia ecumênica semelhante feita no Coliseu no Ano Jubilar de 2000.
Quando Francisco estabeleceu a comissão de novos mártires em 2023, ele escreveu que “os mártires são mais numerosos em nosso tempo do que nos primeiros séculos: são bispos, padres, homens e mulheres consagrados, leigos e famílias, que nos diferentes países do mundo, com o dom de suas vidas, ofereceram a suprema prova de caridade”.
Visando o Jubileu da Esperança 2025, o papa Francisco pediu à comissão que compilasse uma lista atualizada de homens e mulheres cristãos que foram mortos por sua fé nos primeiros 25 anos do século XXI.
Especialistas disseram hoje que seu catálogo, que eles esperam publicar eventualmente, consiste até agora de 1.640 cristãos mortos em diferentes circunstâncias de perseguição e ódio ao redor do mundo.
“O cerne desse trabalho é a memória”, disse Riccardi. “Como disse são João Paulo II, os nomes daqueles que morreram por sua fé não devem ser perdidos”.
