O papa Francisco criou uma Comissão no Dicastério para as Causas dos Santos identificar novos mártires. Numa carta publicada hoje (5), o papa diz que a Comissão dos Novos Mártires - Testemunhas da Fé nasceu "para elaborar um Catálogo de todos aqueles que derramaram seu sangue para confessar Cristo e dar testemunho do Evangelho" que incluirá não-católicos.

O papa disse na carta assinada na segunda-feira (3) que se trata de uma iniciativa em vistas do “próximo Jubileu de 2025”, que nos reunirá como “peregrinos da esperança”, que terá início em dezembro de 2024.

A Comissão estará alinhada com o chamado "ecumenismo de sangue" e procurará fortalecer a esperança e a caridade no mundo contemporâneo, reconhecendo os mártires "neste primeiro quarto de século" e no futuro.

Francisco disse que a “pesquisa não se referirá apenas à Igreja católica, mas se estenderá a todas as denominações cristãs. Mesmo no nosso tempo, em que estamos testemunhando uma mudança de época, os cristãos continuam mostrando, em contextos de grande risco, a vitalidade do Batismo que nos une”.

“Não são poucos, de fato, aqueles que, mesmo sabendo dos perigos que enfrentam, manifestam sua fé ou participam da Eucaristia dominical. Outros são mortos em seus esforços para ajudar na caridade a vida dos pobres, para cuidar daqueles que são descartados pela sociedade, para valorizar e promover o dom da paz e o poder do perdão", acrescentou.

"Outros, ainda, são vítimas silenciosas, individualmente ou em grupos, das agitações da história. Com todos eles temos uma grande dívida e não podemos esquecê-los. O trabalho da Comissão possibilitará, portanto, colocar lado a lado com os mártires, oficialmente reconhecidos pela Igreja, os testemunhos documentados - e são muitos, desses nossos irmãos e irmãs, dentro de um vasto panorama no qual ressoa a voz única do martírio dos cristãos".

Dar a vida pelo Evangelho

O papa disse que “os mártires da Igreja são testemunhas da esperança que brota da fé em Cristo e incita à verdadeira caridade. A esperança mantém viva a profunda convicção de que o bem é mais forte que o mal, porque Deus em Cristo venceu o pecado e a morte”.

Segundo Francisco, a “Comissão continuará a busca, já iniciada por ocasião do Grande Jubileu de 2000, para identificar as Testemunhas da Fé neste primeiro quarto do século e para continuar no futuro”.

"De fato, os mártires acompanharam a vida da Igreja em todas as épocas e florescem como 'frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor' ainda hoje", lê-se na carta.

“Como já disse muitas vezes, os mártires são mais numerosos em nosso tempo do que nos primeiros séculos: são bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, leigos e famílias que, nos diversos países do mundo, com o dom de suas vidas, ofereceram a prova suprema da caridade (cf. LG 42)”.

Os mártires da fé

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Francisco citou são João Paulo II que “na sua carta apostólica Tertio millennio adveniente”: “Tudo deve ser feito para que não se perca o legado da nuvem de militi ignoti (soldados desconhecidos) da grande causa de Deus”.

Esses soldados desconhecidos, disse o papa, “em 7 de maio de 2000, foram recordados durante uma celebração ecumênica, que reuniu no Coliseu representantes de Igrejas e comunidades eclesiais do mundo inteiro”.

Foi uma celebração que serviu “para evocar, junto com o Bispo de Roma, a riqueza daquilo que eu mesmo defini mais tarde como 'ecumenismo de sangue'. Também no próximo Jubileu estaremos unidos para uma celebração semelhante”, disse Francisco.

Não há novos critérios para a verificação do martírio

“O objetivo desta iniciativa não é estabelecer novos critérios para a constatação canônica do martírio, mas continuar o levantamento iniciado daqueles que, até hoje, continuam sendo mortos simplesmente por serem cristãos”, escreveu o papa. "Trata-se, portanto, de continuar o reconhecimento histórico para recolher os testemunhos de vida, até o derramamento de sangue, dessas nossas irmãs e esses nossos irmãos, para que sua memória se destaque como um tesouro que a comunidade cristã salvaguarda".

A Comissão terá a ajuda das Igrejas de cada país.

O papa Francisco disse que a Comissão "deverá contar com a contribuição ativa das Igrejas particulares em suas respectivas articulações, dos institutos religiosos e de todas as outras realidades cristãs, segundo os critérios que a própria Comissão elaborará".

"Em um mundo onde, às vezes, parece que o mal prevalece estou certo de que a elaboração deste Catálogo, também no contexto do iminente Jubileu, ajudará os fiéis a ler também o nosso tempo à luz da Páscoa, haurindo do tesouro de uma fidelidade tão generosa a Cristo as razões da vida e do bem", concluiu.

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