14 de ago de 2025 às 10:45
Um estudo recente constatou um aumento no número de fiéis americanos que abandonam a Igreja. Para combater o problema, os autores do estudo sugerem a criação de laços comunitários mais fortes entre os fiéis, especialmente entre as crianças.
Michael Rota, professor de filosofia na Universidade de St. Thomas, e Stephen Bullivant, professor de teologia e sociologia na Universidade St. Mary, conduziram o estudo examinando o declínio na prática religiosa entre americanos nascidos no catolicismo usando dados da Pesquisa Social Geral (GSS, na sigla em inglês).
O GSS fez uma série de perguntas sobre religião a uma grande amostra representativa de americanos nos últimos 50 anos, que Rota e Bullivant analisaram para escrever Transmissão religiosa: uma solução para o maior problema da Igreja, publicado pelo site Church Life Journal, da Universidade Notre Dame.
Os dados revelaram que, em 1973, 84% dos participantes criados na religião católica ainda se identificavam como católicos quando adultos, mas em 2002 esse número era de 74%. Em 2022, caiu para 62%.
Em 1973, cerca de 34% dos participantes criados na religião católica frequentavam a missa semanalmente (ou com mais frequência) quando adultos. Em 2002, o número caiu para 20% e, em 2022, caiu para 11%.
O estudo disse que a Igreja está perdendo nove em cada dez católicos de berço, e a maioria está se tornando religiosamente desfiliada.
No geral, houve um declínio no número de americanos que priorizam a fé. Em 2013, 72% dos americanos consideravam a religião a coisa mais importante em suas vidas, ou entre muitas coisas importantes, mas em 2023, só 53% disseram o mesmo.
Esses declínios se devem às "conexões sociais mais fracas entre os católicos, à lacuna de valores entre a moral católica e a moralidade americana dominante, e à internet e aos smartphones", disse ontem (13) Rota ao programa televisivo EWTN News Nightly.
“Antes da década de 1950, o jovem católico médio olhava ao redor em seu círculo social e via muito consenso sobre a fé [e] sobre a importância de adorar a Deus em alguma religião ou denominação”, disse Rota. “Hoje, não é assim”.
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Jovens católicos são “muito mais propensos a ter muitos amigos não católicos, provavelmente familiares não católicos. Na cultura em geral, há muitas vozes anticatólicas e antirreligiosas. Isso pressiona os jovens à medida que crescem”, disse.
Rota disse que “a lacuna de valores” é um problema porque “na década de 1930, a moral católica e a moralidade americana dominante eram muito próximas”. “Agora, em questões relacionadas à sexualidade, ao casamento e às questões da vida, elas são bastante opostas”.
A última questão analisada pelos pesquisadores são as mudanças causadas pela internet. “Quando a internet surgiu, no fim dos anos 1990, [vimos] um enorme aumento na porcentagem de jovens que não se identificam com nenhuma religião”, disse Rota.
“Os seres humanos são socializados por suas famílias, sua rede social próxima, mas também pela cultura em que estão inseridos”, disse, acrescentando que “o que a internet e os smartphones fizeram foi mudar o equilíbrio entre o que está fazendo mais trabalho”.
Os americanos, especialmente as crianças, precisam de mais comunidade católica. Tornou-se mais difícil encontrar comunidade, já que "hoje... nossos vizinhos são mais heterogêneos em termos de religião", mas "os pais precisam buscar intencionalmente relacionamentos próximos com outros católicos e colocar seus filhos em situações em que eles façam amizades com outros católicos".
Também é preciso haver “mais atividade religiosa”, disse Rota. “Simplesmente ir à missa de domingo e ir embora... não funciona mais para transmitir a fé aos nossos filhos, porque a cultura em geral não os guiará mais de volta à fé. Em vez disso, é mais provável que os leve embora”.
Para ajudar a "criar um berço para os jovens católicos, mantendo sua identidade católica à medida que se tornam adultos", Rota sugeriu que ambos os pais tenham a mesma religião e que pais e filhos sejam religiosamente ativos. Ele disse que é importante que as crianças percebam que a fé faz a diferença na vida cotidiana e que elas tenham colegas que as apoiem na fé e mentores adultos que não sejam seus pais.
Os pais devem encontrar “uma paróquia vibrante ou um movimento católico, onde possam viver a vida de discipulado em comunhão”, disse.



