Um relatório publicado pelo grupo conservador americano Family Research Council (FRC) documentou cerca de 400 casos de “atos de hostilidade” contra igrejas católicas e outras igrejas cristãs nos EUA no ano passado.

O relatório, publicado na segunda-feira (11), registrou 415 incidentes, com 284 atos de vandalismo, 55 casos de incêndio criminoso, 28 incidentes relacionados a armas, 14 ameaças de bomba e 47 outros atos hostis.

Em cada mês, aconteceram pelo menos 20 atos hostis contra igrejas, com os maiores números ocorrendo em junho, com 49 incidentes, e fevereiro, com 45. A média foi de 35 incidentes por mês.

Esse número representa uma ligeira queda em relação aos números de 2023 do FRC, quando a organização evangélica sem fins lucrativos registrou 485 incidentes. No entanto, o número ainda é significativamente maior do que nos anos anteriores: 198 em 2022, 98 em 2021, 55 em 2020, 83 em 2019 e 50 em 2018, ano em que o FRC começou a monitorar incidentes hostis.

Nem o autor nem o motivo são claros na maioria dos incidentes, segundo a FRC. O relatório diz que alguns atos parecem ter sido motivados por ódio ao cristianismo, alguns por ganho financeiro e outros parecem ter sido perpetrados por adolescentes "envolvidos num passatempo destrutivo".

Houve só um caso em que se encontrou um motivo pró-aborto, um número muito menor do que em 2022, quando pelo menos 59 atos hostis foram motivados pelo apoio do perpetrador ao aborto. O pico naquele ano provavelmente está relacionado à decisão da Suprema Corte dos EUA em junho de 2022 de anular a decisão Roe x Wade, que liberou o aborto no país em 1973.

O vandalismo pró-aborto ocorreu na igreja católica de St. Patrick em Portland, Oregon, onde o vândalo vandalizou um prédio da igreja com a frase: "[palavrão] você, meu corpo, minha escolha".

Arielle Del Turco, diretora do Centro para a Liberdade Religiosa do FRC, disse numa declaração que “nenhum caso de vandalismo ou outros crimes contra igrejas é aceitável, e os líderes políticos devem ser rápidos em condenar tais ações e afirmar a importância da liberdade religiosa”.

“A liberdade religiosa não depende só de proteções legais, mas também de apoio cultural”, disse ela. “Devemos reforçar o apoio cultural à liberdade religiosa e o respeito à nossa herança cristã”.

Segundo o relatório, também houve 33 casos em que o agressor atacou igrejas porque abraçaram o orgulho LGBT, o que geralmente ocorreu por meio do roubo das bandeiras do orgulho.

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Um dos atos hostis registrados contra igrejas católicas foi um incidente em South San Francisco, Califórnia, em janeiro. Um homem disparou contra a igreja católica de Santo Agostinho, mas ninguém ficou ferido no ataque.

Em outro incidente, uma pessoa profanou um crucifixo processional e uma estátua da Mãe Santíssima numa capela da Universidade Georgetown. A igreja de São Leão, em Hartford, Arkansas, foi atacada uma vez em 2023 e duas vezes no ano passado, com um vândalo destruindo estátuas. Outro vândalo decapitou uma estátua de Jesus Cristo na igreja católica Romana da Sagrada Família, em Fresh Meadows, Nova York.

Na igreja católica romana de São Pedro, em Harpers Ferry, Virgínia Ocidental, uma pessoa descartou cerca de 100 hóstias no estacionamento da igreja numa missa de Páscoa. O padre disse na época que acreditava que elas provavelmente não estavam consagradas.

O presidente do FRC, Tony Perkins, ex-presidente da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, disse num comunicado que o relatório "mostra claramente que a liberdade religiosa enfrenta ameaças substanciais aqui no país".

“A liberdade religiosa raramente é entregue aos passivos; ela é reivindicada por aqueles que a exercem, mesmo quando uma cultura hostil diz que eles não podem”, disse Perkins.

O relatório diz que o governo federal dos EUA se conscientizou dos sentimentos anticristãos na sociedade americana, com o presidente do país, Donald Trump, assinando um decreto para criar uma força-tarefa para erradicar o preconceito anticristão nas políticas, regulamentações e práticas do governo federal.

“A esquerda woke americana tem sido intencional em espalhar sua hostilidade contra a fé cristã por todos os cantos dos EUA”, disse Perkins. “Aplaudimos os esforços do governo Trump, mas esforços devem ser feitos em todos os níveis do governo para proteger e promover esse direito humano fundamental”.

“Os cristãos devem esperar e exigir mais de seus líderes governamentais quando se trata de processar e prevenir atos criminosos que visam a liberdade religiosa”, disse também Perkins.

A Califórnia, o Estado mais populoso do país, registrou 40 atos hostis, mais do que qualquer outro Estado dos EUA. O segundo maior número ocorreu na Pensilvânia, com 29, seguida pela Flórida e por Nova York, com 25 cada; Texas, com 23; e Tennessee e Ohio, com 19 cada.