A poucos passos das multidões exuberantes de peregrinos da geração Z cantando e tirando selfies na praça de São Pedro, no Vaticano, freiras em saris brancos com listras azuis se ajoelham descalças em adoração silenciosa diante do Santíssimo Sacramento.

Cerca de 50 freiras das missionárias da Caridade de santa Madre Teresa estão em Roma esta semana para o Jubileu da Juventude da Igreja, contrastando fortemente com a vibrante atmosfera festiva que toma conta das ruas do Vaticano. Sua missão: "Dar-lhes Jesus", disse uma freira espanhola de 25 anos de idade, que não quis ser identificada, conforme as regras da congregação.

As freiras, conhecidas por seu voto de extrema pobreza e vida de serviço aos "mais pobres entre os pobres", rezam pelas almas e intenções dos milhares de jovens reunidos na Cidade Eterna. Mas elas não param por aí.

Em seu estilo simples, as freiras também estão indo às ruas, abordando os jovens um por um ao longo da Via della Conciliazione, avenida que leva à basílica de São Pedro, convidando-os a passar um tempo com Cristo em adoração eucarística por todo o dia e a aprender sobre a missão e a mensagem de sua fundadora, santa Teresa de Calcutá.

Elas pressionam medalhas milagrosas de Nossa Senhora das Graças nas palmas das mãos abertas e ensinam silenciosamente orações curtas queridas por madre Teresa, como: “Maria, Mãe de Jesus, por favor, seja uma mãe para mim agora”.

Os peregrinos do Jubileu em Roma podem visitar as irmãs perto do Vaticano, na Pontifícia Escola Pio IX, na Via dei Cavalieri del Santo Sepolcro, 1, onde as missionárias da Caridade montaram um centro de boas-vindas com uma pequena exposição com o sari, as sandálias e outros pertences pessoais de madre Teresa.

O sangue de madre Teresa, preservado num pedaço de algodão, é exposto para veneração como uma relíquia de primeira classe, e visitantes são incentivados a deixar intenções de oração escritas à mão numa caixa de sapatos. As freiras as recolhem diariamente e as colocam perto do altar na missa.

A exposição também tem uma apresentação em vídeo da vida de madre Teresa, com imagens e trechos de seus discursos, exibida numa sala adjacente. Para alguns jovens visitantes, esse é o primeiro encontro com a santa. Uma freira falou sobre um momento em que um jovem peregrino lhe perguntou: "Madre Teresa? Quem é essa?" — uma pergunta que ressaltou a importância da presença delas no jubileu da juventude.

As freiras, que geralmente evitam ser fotografadas ou citadas, abriram uma exceção para essa iniciativa especial com os jovens. Mesmo assim, a jovem freira espanhola, nascida depois da morte de Madre Teresa, disse que reza para que qualquer foto tirada dela leve as pessoas não a ela, mas a Cristo.

Ela destacou um verso favorito de uma oração baseada nas palavras de são João Henrique Newman que as missionárias da Caridade recitam diariamente depois da Comunhão: “Que olhem para cima e não me vejam mais, mas só Jesus!”

Junto com as freiras no jubileu estava o padre Sebastian Vazhakala, cofundador do ramo contemplativo da ordem com madre Teresa, que deu palestras para alguns dos jovens peregrinos.

Vazhakala disse à CNA, agência em inglês da EWTN, que acredita que os encontros entre as freiras e os jovens peregrinos podem ajudar mais jovens a descobrir suas vocações, não só com as missionárias da Caridade, mas também com outras congregações.

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“Definitivamente, Deus é quem faz o chamado”, disse ele. “Mas precisamos criar uma atmosfera para isso… inspirando e incutindo no coração das pessoas o desejo por Deus e o desejo de compromisso”.

“Nem todos podem ter a mesma vocação, mas pelo menos podem conhecer melhor a Deus, amar melhor a Deus e assim conhecer o sentido da sua vida”.

Memórias vivas de madre Teresa

Vazhakala também falou sobre algumas de suas memórias favoritas de trabalhar ao lado de santa madre Teresa por cerca de 30 anos.

Ele falou sobre uma ocasião no trabalho conjunto nas ruas de Calcutá, Índia, na década de 1960, quando um homem doente e sem-teto foi levado para receber ajuda — não pela primeira vez.

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Vazhakala, então um jovem padre, disse à madre Teresa: “Não faz sentido levar esse homem… Esse homem já esteve aqui pelo menos dez vezes. Agora, quando ele se recuperar, ele vai para a rua, e então o trarão de volta”.

Ele diz que madre Teresa respondeu: “Você está vivendo o amanhã e o ontem? Porque não importa se ele veio ontem ou voltará amanhã. Mas esse homem precisa da sua ajuda agora. Se ele precisa da sua ajuda agora, não faça perguntas. Ajude”.

Vazhakala disse que madre Teresa o ensinou a viver o momento presente, que ela via como uma dádiva de Deus. Ele falou sobre uma ocasião em que, depois dela receber o prêmio Nobel da Paz, um jornalista perguntou à santa qual ela considerava o dia mais significativo de sua vida.

“Hoje”, foi a resposta de madre Teresa.

"Eu posso fazer algo hoje. Eu posso amar as pessoas. Eu posso ajudar os outros. Eu posso orar".

No Jubileu da Juventude deste ano, as missionárias da Caridade ecoam silenciosamente essa mensagem — em suas orações, sua presença e seu paciente convite para parar e encontrar o Cristo vivo hoje.