30 de jul de 2025 às 16:05
O bispo de Passau, Alemanha, Stefan Oster, fez uma defesa enérgica do bispo de Winona-Rochester, Minnesota, EUA, Robert Barron, condenando o que chamou de "catolicismo bege" na Alemanha.
Barron recebeu o Prêmio Josef Pieper em Münster, Alemanha, no último domingo (27), o que gerou protestos de grupos católicos e organizações políticas.
O prêmio concedido pela Fundação Josef Pieper de Münster desde 2004 homenageia o legado do filósofo católico alemão Josef Pieper (1904–1997), autor de obras sobre a filosofia tomista e sobre contemplação e a relação entre fé e razão.
Críticos acusaram o bispo americano de promover “políticas de identidade excludentes” e cooperar com redes que “apoiam ideologicamente forças políticas autocráticas”.
Manifestantes — como o Partido Verde local, uma associação diocesana de leigos e a organização juvenil católica BDKJ — fizeram uma vigília pública no último domingo denunciando o suposto apoio de Barron ao presidente dos EUA, Donald Trump, e as posições do bispo contra a ideologia de gênero.
Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher. Em vez de dois polos, a ideologia de gênero acha que existe uma gama de variações, por isso o arco-íris foi escolhido como símbolo.
A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.
O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. «Ser homem», «ser mulher» é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, «à imagem de Deus». No seu «ser homem» e no seu «ser mulher», refletem a sabedoria e a bondade do Criador.
A Faculdade Teológica Católica da Universidade de Münster expressou “perplexidade” com a escolha de Barron para receber o prêmio.
Oster abordou os protestos em sua laudatio.
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“Quando ouço como algumas vozes em nosso país tentam difamar [Barron] reflexivamente como direitista ou apoiador de Trump, tal categorização, que geralmente acontece muito rapidamente, nos diz muito mais sobre a pessoa que faz o julgamento e, muitas vezes, sobre o sistema da Igreja e seus processos de mídia em nosso país do que sobre a pessoa que está sendo julgada”, disse Oster.
O bispo fez uma crítica mais ampla ao catolicismo contemporâneo na Alemanha, que, segundo ele, corre o risco de abandonar o magistério em favor da acomodação cultural.
Ele descreveu um fenômeno em que “muitos em nossa Igreja abandonaram em grande parte posições doutrinárias vinculativas” sobre questões antropológicas fundamentais e teologia sacramental.
Oster falou particularmente sobre o que Barron chama de “catolicismo bege”. O bispo bávaro o descreveu como “um fenômeno no qual a cultura predominante domina a fé e a adapta a si mesma” sem que a fé transforme a cultura.
Isso, disse ele, resulta num “catolicismo de apaziguamento, majoritariamente bem financiado” na Alemanha, que “perdeu essencialmente o seu poder e atração espiritual”.
Oster disse que grande parte das críticas alemãs decorriam do desconforto com a evangelização autêntica. "A nova evangelização não tem lugar fácil em nossa forma de igreja especificamente alemã", disse o bispo.
“Muitos acham isso irritante ou suspeito. Mas, como a 'nova evangelização' está no cerne do compromisso fiel do bispo Barron, parece quase inevitável para seus críticos que ele, de alguma forma, venha da ala de direita”.
“Num futuro próximo, muito mais pessoas se perguntarão: como é possível que o bispo Barron tenha tanto alcance em nosso país e tenha sido, por tanto tempo, um dos faróis de esperança e renovação entre muitos jovens em nosso país? Como é possível, mesmo sendo tão leal ao magistério?”
A Fundação Josef Pieper destacou a “inconfundível afinidade de Barron pela filosofia da religião de Pieper” e seu trabalho para restaurar “um acesso baseado em discernimento à confissão de fé católica integral” em situações contemporâneas.
Barron, que tem cerca de 6 milhões de seguidores em plataformas de mídia social e recebeu nove doutorados honorários, é o fundador do ministério Word on Fire, que atinge milhões de pessoas no mundo todo por meios digitais.
Sua exortação característica é não “emburrecer a fé”.





