“Queremos uma Igreja com rosto de aldeia grande: intergeracional, intercultural, imperfeita, mas profundamente humana”, diz o manifesto do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) de Portugal. O documento foi lido hoje (30), ao final da missa celebrada na basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, para os peregrinos portugueses do Jubileu dos Jovens.

O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil é um órgão da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para “fomentar, a nível nacional, o encontro das diversas instituições eclesiais de pastoral da juventude, assegurando entre elas a melhor articulação e coordenação; estudar formas adequadas de evangelizar e educar os jovens na fé; proporcionar itinerários de formação para os jovens e seus educadores; apoiar e colaborar com os serviços diocesanos e com os diferentes movimentos; promover a unidade entre eles, através de iniciativas comuns às dioceses e movimentos apostólicos juvenis; responder, no âmbito da pastoral juvenil, às solicitações de participação e representatividade nacional e internacional”.

O documento é intitulado “Uma Juventude em Manifesto – Geração Lisboa 23 · Roma 25 · Seul 27”, em referência a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que aconteceu em Lisboa em 2023 e acontecerá em Seul em 2027, e ao Jubileu dos Jovens, que começou na segunda-feira (28) em Roma e segue até domingo (3).

O diretor do DNPJ, Pedro Carvalho, um profissional de 49 anos contratado em tempo integral pela CEP, disse à Agência Ecclesia, também da CEP, que o manifesto é fruto da escuta que o departamento tem promovido junto aos jovens portugueses. “Queremos falar de paz, de missão e de comunidade. Portanto, é à volta desta temática que os jovens vão erguer a sua voz e vão dizer: estamos aqui, estamos presentes, queremos ser protagonistas deste mundo novo”, disse.

O manifesto defende “uma Igreja de todos e para todos”. “Sonhamos comunidades onde ninguém é invisível, valorizamos a escuta, o diálogo, a diferença”, diz o texto, ao defender “uma Igreja que não espera por nós no tempo, mas caminha conosco pelas ruas”.

O texto também faz um apelo “pela paz que nasce da esperança” e diz que os jovens querem ser a “geração de paz nos gestos, nas palavras, nos ambientes digitais e nos lugares esquecidos”. “Acreditamos numa paz feita de justiça, amizade social e cuidado mútuo”, acrescenta.

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“Não nos conformamos com a guerra em lado nenhum, nem no mundo, nem dentro de nós. A nossa bandeira é o acolhimento. O nosso grito é reconciliação. A paz é caminho e é compromisso”, diz o manifesto.

Pelo “cuidado da casa comum”, o documento da conferência episcopal portuguesa diz que “a terra é dom, não recurso”. O manifesto recusa “um estilo de vida que consome sem pensar, que produz sem limite, que vive como se houvesse um planeta de reserva”.

“Cuidar da casa comum é amar o futuro, é proteger quem é mais vulnerável, é viver com simplicidade e gratidão”, diz o documento, acrescentando que os jovens querem ser “conscientes, atentos” ao que semeiam, “com olhos verdes e mãos sujas da terra”.

O manifesto fala ainda em “uma missão que se move” e diz que “a missão é um estilo de vida aberto, corajoso, criativo e comprometido”.

“Somos jovens enviados à escola, ao trabalho, à aldeia e à cidade. No mundo digital, mas ainda mais no mundo real. Somos discípulos e somos apóstolos. Anunciamos com a vida o que acreditamos com o coração. O mundo é o nosso campo e o amor a nossa linguagem”, diz o texto.

Por fim, diz que, como o apóstolo são Paulo, os jovens querem “ser Igreja viva em caminho pelas estradas desse mundo”. “Com a coragem de São Paulo, avançamos unidos, porque a esperança se constrói em cada passo com todos, todos, todos”, conclui o manifesto repetindo a expressão usada muitas vezes pelo papa Francisco.