30 de jul de 2025 às 13:03
Colonos israelenses atacaram, na manhã da última segunda-feira (28), a cidade cristã de Taybeh, a leste de Ramallah, Cisjordânia, numa onda crescente de violência que está assolando a Cisjordânia.
Segundo testemunhas oculares, um grupo de colonos se infiltrou num dos bairros da cidade por volta das 2h da manhã da última segunda-feira, incendiou dois veículos civis e pichou muros com grafite em hebraico. Uma das mensagens dizia: "Mughayyir, você vai se arrepender" — referência a uma aldeia palestina que já havia sido alvo de um ataque semelhante.
Jeries Azar, jornalista e uma das vítimas do ataque, disse à ACI MENA, agência de notícias em árabe da EWTN, que as chamas consumiram seu carro estacionado em frente à casa enquanto sua família dormia.
“Meu maior medo era pelo meu filho de dois anos”, disse Azar. “Agarrei-o e corri para fora, em meio à fumaça espessa. Ele chorou sem parar por mais de uma hora”.
O jornalista disse que o fogo havia atingido a entrada de sua casa, deixando a porta insuportavelmente quente e a fuga extremamente difícil.
“Passamos cerca de 12 minutos tentando sair em meio à fumaça sufocante”, contou Azar, dizendo que a família teve que se abrigar na casa de um vizinho. “Ainda estou em choque. Autoridades vêm e vão, mas ninguém faz nenhum acompanhamento ou sequer verifica”.
“Todos os meus equipamentos de trabalho, minha câmera, minhas ferramentas, sumiram. Como vou continuar meu trabalho? Quem vai me compensar pela minha perda? Pelo carro que eu usava todos os dias para levar minha mulher ao trabalho?”
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O ataque ocorreu cerca de três semanas depois de uma tentativa de incendiar a área ao redor da histórica igreja de São Jorge, no centro da cidade.
Reagindo ao incidente, os patriarcas e chefes de Igrejas em Jerusalém expressaram “profunda preocupação e condenação pelos repetidos ataques contra Taybeh”. Em sua declaração, eles enfatizaram que “esses crimes dolorosos não são eventos isolados, mas parte de um padrão alarmante de violência cometido por colonos israelenses contra o povo da Cisjordânia, incluindo suas casas, lugares sagrados e vidas cotidianas”.
Eles instaram as autoridades israelenses a “responsabilizar os perpetradores sem demora e a garantir proteção sustentável e eficaz para os moradores de Taybeh e outras comunidades vulneráveis à violência dos colonos na Cisjordânia”.
A Autoridade Palestina descreveu o ataque como um “crime terrorista organizado” e culpou o governo israelense por permitir a agressão feita por colonos.
O Fórum Ecumênico Cristão da Terra Santa também condenou o ataque, classificando-o como uma grave escalada e pedindo uma investigação internacional imparcial. O fórum diz que tais ataques estão minando a confiança dos cristãos palestinos em sua capacidade de viver com dignidade em sua terra natal.
Na semana passada, Mike Huckabee, embaixador dos EUA em Israel, visitou Taybeh depois de um ataque anterior e expressou solidariedade aos moradores. Em resposta a esse incidente mais recente, Steffen Seibert, embaixador alemão em Israel, disse: "Esses colonos extremistas podem alegar que Deus lhes deu a terra, mas não passam de criminosos vis aos olhos de todas as religiões".
Taybeh, uma das últimas aldeias inteiramente cristãs nos territórios palestinos, sofreu uma série de ataques nos últimos meses. Ativistas dizem que a contínua falta de responsabilização ameaça o futuro do cristianismo na Cisjordânia.




