17 de jul de 2025 às 15:51
Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Recife (PE) foi celebrada por 300 mil devotos ontem (16) ao longo do dia com 25 missas na basílica Nossa Senhora do Carmo, no bairro Santo Antônio. “Desde às 4h da madrugada, ininterruptamente, sem parar, acontecem missas tanto na basílica quanto no claustro e eu fiquei me perguntando, porque tanto amor para com a Virgem do Carmo”, disse o arcebispo de Recife e Olinda, dom Paulo Jackson na missa solene campal que celebrou no pátio da basílica, às 16h30.
“Maria santíssima é a expressão da maternidade de Deus”, segundo dom Jackson. “Nela, toda bondade amorosa materna de Deus se torna visível e concreta porque ela só sabe amar e ela não guarda nada para si” e “não quer nenhum holofote para ela” porque “tudo dela aponta para Cristo e ela abre a mão apontando dizendo: ‘Façam tudo o que Ele disser’”.
“Viemos aqui nesta tarde para dizer muito obrigado ó Mãe, muito obrigado Jesus porque Tu nos deste a Tua mãe como a nossa mãe”, disse o arcebispo. “Muito obrigado espiritualidade carmelitana porque conservou desde o século XIII essa tradição ininterrupta para dizermos como são Simão Stock recebeu do próprio Deus por meio de Maria Santíssima, para dizermos também: ‘Aqui estamos Senhor, para fazer a Tua santa vontade’”.
A devoção dos fiéis de Recife à Nossa Senhora do Carmo surgiu a partir “da experiência” e “da oração” com “uma pequena imagem”, em “uma pequena capela que existia”, disse o reitor da basílica do Carmo, frei Cidmário Bezerra de Arruda à ACI Digital. Segundo o frade, “com o passar do tempo, essa devoção foi crescendo” na basílica e “os frades começaram também dar ênfase a esta festa”, transformando a devoção popular “naquilo que ela hoje é: a expressão do povo do Recife que tem um carinho e um amor por Nossa Senhora do Carmo”.
Nossa Senhora do Carmo foi solenemente proclamada padroeira do Recife em 16 de julho de 1909, pelo papa Pio X, a pedido dos recifenses e foi coroada canonicamente padroeira do Recife em 21 de setembro de 1919, pelo então arcebispo Primaz do Brasil, dom Jerônimo Thomé, que presidiu o rito canônico da coroação no Parque 13 de maio, enquanto o então arcebispo de Olinda e Recife, dom Sebastião Cosme, delegado da coroação, assistiu à cerimônia em uma tribuna especial.
Espiritualidade carmelita
Em sua homilia, dom Paulo Jackson disse que na leitura do livro de I Reis, 18 “temos as origens da espiritualidade carmelita”, na qual “remonta ao profeta Elias” que vive “tantas vicissitudes” e “situações dolorosíssimas”.
“Elias foi perseguido pelo rei Acab e pela rainha Jezabel” por “enfrentar as idolatrias, o culto a Baal, o deus falso que Jezabel trouxe de fora” e com isso a perseguição deles “teve que fugir” e “praticamente morreu de fome e de sede, praticamente estava depressivo, mas Deus o restaurou, lhe deu força e coragem para que ele voltasse com fé, com firmeza e fidelidade à sua missão profética”, disse o arcebispo.
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Elias “cuidou de uma pobre viúva e de seu filho” enquanto “fecharam-se os céus e não choveu durante alguns anos, mas por milagre grandioso de Deus, aparece uma nuvenzinha pequenina no horizonte”. Segundo dom Jackson, “essa pequenina nuvem, a patrística, os padres da Igreja, os teólogos sempre interpretaram como sendo uma alusão a Nossa Senhora” que “faz chover a chuva da graça de Deus e faz com que o Carmelo floresça e se torne um jardim belo e agradável aos filhos de Deus”.
A festa litúrgica de Nossa Senhora do Carmo foi instituída para comemorar a sua aparição a são Simão Stock, em 16 de julho de 1251. São Simão propagou esta devoção e compôs o hino “Flos Carmeli” (A flor do Carmelo), que diz: “Flor do Carmelo, vide florida. Esplendor do Céu. Virgem Mãe incomparável. Doce Mãe, mas sempre virgem. Sede propícia aos carmelitas. Ó Estrela do mar”. Nossa Senhora apareceu a Stock rodeada de anjos e entregou um escapulário em suas mãos e lhe disse: “Recebe, meu filho muito amado, este escapulário de tua ordem, sinal do meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas. Quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e amor eterno”.
Escapulário de Nossa Senhora
Segundo dom Paulo Jackson, o escapulário de Nossa Senhora entregue a são Simão Stock “é uma espécie de avental que se coloca sobre os ombros, por frente e por trás”, que é “símbolo do doce jugo de Nosso Senhor Jesus”.
“Ele diz: Vinde a Mim, vós todos que estais cansados, abatidos e fatigados. Encontrareis repouso. Eu vos darei descanso porque meu fardo é leve e o meu jugo é suave”, disse o arcebispo.
E este “jugo do qual Jesus fala é o amor a Deus e ao próximo”, disse o arcebispo ressaltando que “o escapulário também é proteção de Deus por Maria Santíssima”.
“O escapulário é em primeiro lugar receber o jugo da Palavra de Deus para vivê-la” e “receber a missão de viver o amor, a caridade e o serviço”, pontuou dom Jackson. Mas também “é o jugo do amor, do mandamento que Jesus nos traz”, e “ao mesmo tempo, o escapulário é proteção de Deus, é proteção forte de Maria Santíssima que nos abraça, que nos acolhe debaixo do seu manto, do seu regaço de mãe”. E pediu: “Utilizemos o escapulário como se fosse o avental dos servos que fazem a vontade de Deus”.
Ao final da celebração os fiéis participaram da procissão luminosa com a imagem de Nossa Senhora do Carmo Peregrina, que percorreu as principais ruas e avenidas do centro de Recife. Ao final da procissão, a imagem peregrina de Nossa Senhora do Carmo será conduzida para um outro andor e sairá pela fachada posterior da basílica em carreata até a igreja do Carmo de Olinda.




