11 de jul de 2025 às 13:19
Uma semana depois que o presidente Volodymyr Zelensky cassou a cidadania do bispo metropolita de Kiev e de toda a Ucrânia, Onúfrio, o governo da Ucrânia acelera o processo legal para dissolver a Igreja Ortodoxa Ucraniana, acusada ter laços com o patriarcado ortodoxo russo de Moscou.
O Serviço Estatal da Ucrânia para Etnopolítica e Liberdade de Pensamento (DESS, na sigla em ucraniano) concluiu em um relatório publicado na última terça-feira (8) que a metrópole de Kiev da Igreja Ortodoxa Ucraniana dá sinais de afiliação com a Igreja Ortodoxa Russa.
Os próximos passos
A decisão do DESS se baseia em lei aprovada recentemente pelo parlamento ucraniano, que alterou a legislação do país sobre liberdade religiosa e proibiu a operação de organizações religiosas vinculadas a entidades estrangeiras proibidas na Ucrânia, como o patriarcado ortodoxo de Moscou.
A metrópole ortodoxa de Kiev tem 30 dias de prazo para mostrar que removeu as marcas de filiação. Caso contrário, o DESS buscará a dissolução na Justiça.
Nesse caso, todos os bens não-litúrgicos serão confiscados pelo Estado, e as igrejas e objetos de culto serão transferidos para outras comunidades religiosas.
A Igreja Ortodoxa Ucraniana, filiada ao patriarcado ortodoxo de Moscou, tinha entre 10 e 12 milhões de membros antes da invasão russa de fevereiro de 2022. Desde então perdeu um número significativo de paróquias e fiéis.
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A Igreja Ortodoxa da Ucrânia, comunidade autocéfala liderada pelo bispo metropolita Epifânio, reconhecida como tal em janeiro de 2019 pelo Patriarcado Ortodoxo Ecumênico de Constantinopla, cresceu e hoje estima-se que tenha cerca de 7 a 8 milhões de fiéis.
A população católica na Ucrânia, embora seja minoritária, também está presente na Ucrânia por meio de dois ramos principais: a Igreja Católica de rito latino, que tem cerca de um milhão de fiéis, e a Igreja Greco-católica ucraniana, de rito bizantino, liderada pelo arcebispo-mor de Kiev, Ucrânia, sua beatitude Sviatoslav Shevchuk, que representa a maior comunidade católica do país, com cerca de 4,5 milhões de membros, principalmente no oeste da Ucrânia.
Dissolução inevitável
Para Peter Anderson, especialista em direito canônico ortodoxo, as ações das autoridades ucranianas "não são uma surpresa". O advogado americano diz em seu site que o parlamento ucraniano "parece ter elaborado a lei com uma precisão que torna inevitável que a Igreja ortodoxa ucraniana se enquadre nos critérios de filiação" do patriarcado ortodoxo de Moscou.
“Não há possibilidade real de remover esse símbolo” de filiação, diz Anderson. “Pois ele não pode alterar os estatutos ou decisões do patriarcado de Moscou".
Embora toda a Igreja ortodoxa ucraniana tenha manifestado sua disposição de romper laços com o patriarcado de Moscou desde maio de 2022, o especialista acredita que sua dissolução é inevitável assim que os prazos forem cumpridos. "Isso torna inevitável sua liquidação como entidade legal na Ucrânia, conforme a lei", acrescenta.
A notícia foi divulgada um dia antes de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se encontrar com o papa Leão XIV em Castel Gandolfo, Itália, na última quarta-feira (9).




