2 de jul de 2025 às 15:16
O papa Leão XIV enviou condolências hoje (2) à Igreja na Argentina, que se despede do cardeal Luis Pascual Dri, frade capuchinho de 98 anos de idade que foi confessor do papa Francisco. Dri morreu na noite da última segunda-feira (30) em Buenos Aires.
Em telegrama assinado pelo secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, e endereçado ao arcebispo de Buenos Aires, Jorge García Cuerva, o papa disse que recebeu "com tristeza" a notícia da morte do cardeal Dri.
Leão XIV estendeu sua mensagem aos membros da comunidade da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos — à qual o cardeal pertencia — assim como “à família do morto, ao clero, às comunidades religiosas e aos fiéis daquela querida arquidiocese”.
Por fim, falando sobre “esse pastor abnegado, tão estimado pelo Papa Francisco e que por tantos anos dedicou a sua vida ao serviço de Deus e da Igreja como confessor e diretor espiritual”, Leão XIV ofereceu “fervorosas preces pelo eterno repouso do referido cardeal, para que o Senhor Jesus lhe conceda a coroa da glória que nunca se apaga”.
Ontem (2) à tarde, vários bispos, padres e fiéis se reuniram na paróquia santuário de Nossa Senhora do Rosário, no bairro de Nueva Pompeya, para se despedir do humilde frade capuchinho que foi criado cardeal há dois anos.
Um coração sacerdotal
A missa foi celebrada pelo arcebispo de Buenos Aires, Jorge García Cuerva, e concelebrada pelos bispos auxiliares da diocese, Pedró Cannavó e Alejandro Pardo; pelo arcebispo emérito de Corrientes, Andrés Stanovnik, membro da ordem dos Frades Menores Capuchinhos; o bispo de Lomas de Zamora, Jorge Lugonés; o bispo emérito de San Isidro, Oscar Ojea; e o bispo auxiliar de San Isidro, Mons. Raúl Pizarro, junto com vários sacerdotes.
O bispo Ojea fez a homilia, destacando o "coração sacerdotal" do cardeal Dri e falando sobre seus anos como confessor, dizendo que "ele se apresenta ao Senhor hoje, tão cheio dos segredos dos corações de seus irmãos".
O bispo emérito de San Isidro destacou as virtudes do padre capuchinho, seu testemunho da misericórdia, esperança e alegria de Deus.
"Do Céu, ele continuará a nos presentear com essa vocação sacerdotal, especialmente voltada para a misericórdia", disse ele.
Ojea também agradeceu aos irmãos franciscanos capuchinhos que cuidaram dele em seus últimos anos.
O cardeal Dri nos deu “aquele abraço de Deus”
O arcebispo de Buenos Aires disse que "todos os filhos do padre Luis" estavam lá, vindo ao santuário "para experimentar a ternura, o amor, o perdão, a misericórdia e o carinho de Deus de que tanto precisávamos".
"Em dias nublados, precisávamos olhar em seus olhos, ouvir sua voz, receber o perdão de Deus e sair”, disse o arcebispo. “Parecia então que o sol estava nascendo novamente".
Ele expressou seu compromisso de "ser um pouquinho daquele abraço de Deus” que Dri “dava cada vez que vínhamos aqui".
Ao longo do dia, familiares do padre Luis, membros da comunidade paroquial e fiéis em geral compareceram ao santuário para se despedir dele. Entre eles, estava Ignacio Vázquez, amigo do cardeal.
Ele viveu para estar com Deus, hoje ele colhe o que plantou
"Deus me deu a graça de poder passar muito tempo com ele e dividir muitas circunstâncias”, disse o arcebispo Cuerva ao canal de televisão argentino Orbe 21. “Tenho muitas histórias com ele".
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"Nas piores circunstâncias, ele nunca dizia: Não estou bem, mas sempre respondia: Excelente", disse também Cuerva.
"Ele também está excelente, porque está com Deus, está onde queria estar”, disse o arcebispo de Buenos Aires. “Ele viveu para isso, para chegar a esse momento".
"Ele é um santo, o padre Luís é um santo”, disse Cuerva. “Ele é um santo. Então hoje ele está colhendo o que plantou aqui na terra".
Um irmão do povo
O irmão Sauro Ceccarelli, pároco do Santuário de Pompéia, também falou sobre o padre Dri.
“Luis é um homem e um irmão do povo”, disse ele.
“Fiquei mandando mensagens para as pessoas até as 2 da manhã, avisando”, disse o religioso sobre o que fez quando soube da morte do cardeal. “Mas preciso avisar o dono da sorveteria, o dono do açougue que deu o leitão para ele no Natal e as pessoas da vizinhança que o amam”.
Quando Dri foi criado cardeal, disse o religioso, a comunidade viveu isso como “um presente de Deus”.
“Estamos a duas quadras da região provinciana, somos o bairro mais remoto”, disse Ceccarelli. “As pessoas de toda esta área de Las Villas, Alsina, Lanús, Avellaneda, Lomas de Zamora, e também das vilas vizinhas aqui, 24, 21-24 Zavaleta, para elas a catedral é Pompeia”.
“Portanto, viveram isso como uma enorme alegria, porque foi um presente do papa Francisco”, disse também ele. “Para que Luis Dri pudesse ser testemunha, para todos os padres da arquidiocese de um confessor”.
“Por isso, seus restos mortais repousarão no santuário de Pompeia, como ele desejava”, disse o religioso. “Porque, além disso, ele foi nomeado cardeal para dar testemunho daqui".
Nosso padre Pio
Quando o cardeal Dri ouvia confissões, o pároco disse que o santuário "era uma procissão”.
“Não só de leigos: uma procissão de irmãos padres da arquidiocese, da Grande Buenos Aires”, disse o religioso. “Uma procissão de bispos que vinham se confessar, pedir seu conselho”.
“Ele tinha um dom especial para isso", disse também Ceccarelli. "Deve ter sido como o nosso padre Pio".
O pároco disse que os capuchinhos são às vezes acusados de serem "descuidados", ou seja, de serem "muito misericordiosos".
Foi o caso do padre Dri, que "às vezes tinha escrúpulos em perdoar certas coisas, mas disse a Jesus: Você me deu um mau exemplo, então Te perdoo tudo".
O padre Sauro disse que o que mais sentirá falta dele é “sua capacidade de ouvir, sua alegria e sua capacidade de sempre nos atrair para Jesus, de nos mostrar a misericórdia de Deus, de nos mostrar que Deus nos ama como somos, não como queremos ser”.