30 de jun de 2025 às 16:19
Um movimento de jovens católicos nas Filipinas organizou “marchas da humildade” este mês - procissões eucarísticas por toda a cidade e atos públicos de reparação ao Sagrado Coração de Jesus — em cidades importantes por todo o país, como alternativa espiritual às celebrações seculares do “mês do orgulho” LGBTQIA+.
O movimento foi iniciado por uma jovem filipina que ficou triste com o que viu no campus da sua universidade jesuíta.
“Comecei a marcha Humilitas por causa de uma inspiração que recebi um dia”, disse Raven Castañeda, uma estudante universitária que fundou o movimento. “Em junho de 2023, eu caminhava pelo campus da minha universidade quando vi uma multidão promovendo o vício do orgulho, agitando suas bandeiras numa universidade dedicada a Nossa Senhora. Então, senti uma dor profunda no coração, porque não conseguia entender como era possível uma universidade católica permitir um evento que promove o vício e promove uma ideologia contrária às verdades da nossa fé”.
Castañeda então foi à capela de adoração para rezar diante do Santíssimo Sacramento. Na capela, Raven e alguns amigos restauraram a devoção da hora santa no campus da faculdade, depois de terem sido informados de que não era feita há cerca de 20 anos. "Mas quando abri a pesada porta metálica, encontrei uma capela vazia", disse ela.
“Ajoelhei-me e rezei: Senhor, deixa-me consolar-te nesta hora sombria. Deixa-me receber todo o amor que foi rejeitado hoje”, disse ela. “E no silêncio daquela capela, fui movida a promover o Sagrado Coração de Jesus”.
“Fiz esse voto a Deus de que, no ano seguinte, com a ajuda de Sua graça, agitaria publicamente a bandeira de Seu Humilde e Sacratíssimo Coração para lembrar às pessoas que nesse Coração está o Amor que salva: o amor que nos salva de nossa própria miséria”, disse Raven. “O amor que nos dá a paz que o mundo não pode dar; o amor que pode nos proporcionar a alegria e a bem-aventurança que o mundo nem sequer começa a compreender”.
Castañeda e outros voluntários foram de porta em porta em diferentes paróquias para convidar pessoas a participarem da marcha. Centenas de fiéis— a maioria jovens — compareceram. Organizações como Famílias Missionárias de Cristo, Solteiros por Cristo, Jovens por Cristo, Filipinas Pró-Vida, Movimento Social Conservador das Filipinas, The Sentinel Philippines, Conservadores das Filipinas, se juntaram às marchas além de padres e religiosos.
As Filipinas têm uma tradição de devoção ao Sagrado Coração de Jesus há muito tempo. A primeira consagração ao Sagrado Coração de Jesus foi feita pelo presidente Ramon Magsaysay em 1956. Em junho de 1995, quase 40 anos depois, o presidente Fidel Ramos, protestante, renovou pessoalmente essa consagração.
Ex-participantes da marcha do orgulho se juntam à Marcha da Humildade
Xyril, ex-lésbica que já participou de paradas do orgulho LGBTQIA+, mas se juntou à Marcha da Humildade este ano, falou sobre seu estilo de vida no passado.
“Eu achava que tinha encontrado o amor e a identidade, mas, no fundo, sempre me senti perdida e incompleta”, disse ela. “Algo dentro de mim sempre me fez sentir triste, vazia. Eu não sabia por quê”.
Por fim, Xyril converteu-se. Ela então se lembrou de uma visão passada enquanto buscava significado: viu na missa, quando o padre elevava a hóstia consagrada, um "coração brilhante" de Jesus atrás do padre, visivelmente estendendo-se em sua direção. Ela disse que estava "completamente desperta, mas parecia um sonho". Como protestante, ela ainda não compreendia a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Mas a experiência foi tão profunda que ela se sentiu fortemente atraída pela Igreja.
“Daquela noite em diante, comecei a buscar”, disse ela. “Li. Rezei mais. Visitei diferentes igrejas. Minha alma começou a ter fome”.
Por fim — depois de receber formação de um paciente diretor espiritual, a quem descreveu como uma “oração atendida” — ela se tornou católica.
“Quando ouvi falar da Marcha da Humildade deste ano, algo me tocou”, disse Xyril. “Lembrei-me da luz que vi anos atrás, atrás da Hóstia... a luz que vinha do Coração de Jesus, a dor que eu sentia por Ele. Eu sabia que tinha que caminhar dessa vez, não para ser vista pelo mundo, mas para caminhar em direção Àquele que primeiro me estendeu a mão”.
“A marcha Humilitas não foi como a do orgulho”, disse ela. “Não foi barulhenta nem ostentosa. Não se tratava de ser adoração, mas de ser vista por Deus. Não foi um protesto, mas uma procissão”.
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“Não vim para gritar, vim para me render; não caminhei em desafio, mas em arrependimento”, disse também Xyril. “Foi reverente e sagrada. Parecia meu retorno ao Coração de Cristo. Depois de tudo o que passei, finalmente encontrei meu lugar — em sua misericórdia, em sua Igreja e em seu Sagrado Coração”.
“Eu costumava lutar contra pecados sexuais e até tentava desculpá-los ou justificá-los, dizendo a mim mesmo que não era realmente errado porque todo mundo faz isso de qualquer maneira”, disse Leo, outro participante. “Mas então percebi que é isso que é o orgulho”.
“O orgulho diz: seguirei minha própria vontade, farei minhas próprias regras, redefinirei gênero, casamento e sexualidade da maneira que eu quiser — em vez de seguir a vontade de Deus e o plano de Deus para a sexualidade”, disse Leo. “É seja feita a minha vontade', não Seja feita a Tua vontade”.
“A humildade, por outro lado, submete-se ao senhorio de Jesus e obedece a ele”, disse Leo. Se Jesus é verdadeiramente meu Senhor, devo seguir o que Ele diz em sua palavra, mesmo que às vezes seja difícil”.
“Jesus deve ser Senhor de todos os aspectos da minha vida — entre eles minha sexualidade — caso contrário, ele não é Senhor de forma alguma”, disse. “É por isso que as Escrituras dizem que ninguém pode dizer que Jesus é Senhor, exceto pelo Espírito Santo. Aquela sensação desconfortável que eu sentia sempre que pecava sexualmente... era o Espírito Santo me convencendo”.
O padre filipino Joel Jason, conhecido por seu trabalho na promoção da teologia do corpo de são João Paulo II, disse que a tática do diabo sempre foi a mesma: “O orgulho dá lugar à rebelião e à revolta contra a natureza e a criação”.
“O orgulho diz: eu não sou uma criatura; eu sou meu próprio criador”, disse o padre. “É o pecado original do primeiro homem e da primeira mulher que os separou de Deus”.
Um movimento humilde
O movimento busca ser um contramovimento silencioso e devoto de católicos testemunhando publicamente sua fé e fazendo reparação pelos pecados, em meio a uma sociedade que busca publicamente normalizar, glorificar e celebrar a imoralidade sexual.
“O objetivo da nossa iniciativa é simplesmente promover o Sagrado Coração de Jesus e encorajar os jovens filipinos a encontrar em seu Coração um refúgio para todos os seus problemas”, disse Nirva Dela Cruz, que organizou a marcha.
“Nós nos tornamos tão frios e indiferentes a esse Coração tão terno e transbordante de amor por nós”, disse Christine May, devota do Sagrado Coração de Jesus que compôs a canção-tema da marcha. “Nossa esperança é que o Sagrado Coração de Jesus seja consolado por esses atos de fé”.
“Estamos levando nossa fé do santuário para as ruas, proclamando as palavras do próprio Jesus [conforme ditas a santa Margarida Maria Alacoque]: Eis este coração que amou tanto os homens, que não poupou nada, até [o ponto de] esgotar-se e consumir-se [para dar testemunho de] seu amor; [e] em troca, recebo da maior parte [da humanidade] só ingratidão, por sua irreverência e sacrilégio, e pela frieza e desprezo que [mostram] a Mim…”, disse Castañeda.
Depois da marcha, centenas de jovens assinaram uma declaração de compromisso que diz: “Somos a Igreja jovem das Filipinas. Estamos comprometidos a promover e crescer em nossa devoção ao Sagrado Coração e à Eucaristia; a caminhar com os pobres, encontrando maneiras de servi-los e defender sua causa — pois, neles, vemos o Sagrado Coração; a construir uma sociedade onde a verdade reine e seja guiada pelas doutrinas de Cristo; e a evangelizar com ousadia, mesmo quando for desconfortável, fortalecendo comunidades formadas na fé católica ortodoxa”.



