Igrejas na Síria celebraram serviços fúnebres para as vítimas do ataque terrorista islâmico que matou 25 pessoas em uma igreja ortodoxa de Damasco.

O funeral principal da maioria das vítimas foi celebrado ao meio-dia (6h no horário de Brasília) da última terça-feira (24) na igreja da Santa Cruz pelo patriarca ortodoxo grego João X Yazigi, com a presença do patriarca católico melquita Youssef Absi e do patriarca católico sírio Inácio Youssef III Younan, bispos, padres e uma grande multidão de várias denominações.

Em sua homilia antes das orações fúnebres, Yazigi condenou o ataque como um "massacre hediondo". "A oração que elevamos hoje não é uma oração fúnebre comum, mas a oração especial de ressurreição que normalmente oferecemos na Páscoa — porque hoje é um dia de ressurreição".

“Esse crime é o primeiro do gênero em Damasco desde 1860”, disse também o patriarca. “Não permitiremos que ninguém semeie conflitos sectários; todos os sírios estão comprometidos com a unidade nacional”.

“É lamentável que nenhuma autoridade governamental, além do ministro Hind Kabawat, tenha ido ao local do ataque”, disse ele. Kabawat é cristão.

Depois da liturgia fúnebre, os caixões foram levados para a igreja de Santo Elias, local do atentado, para uma oração especial antes de serem sepultados no cemitério cristão.

Indignação cristã com o silêncio oficial

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Vários grupos cristãos e da sociedade civil também organizaram vigílias de oração e manifestações em bairros cristãos, em que os participantes entoaram: "Os cristãos não temem a morte, pois depois da morte vem a ressurreição".

Cristãos sírios expressaram crescente frustração com a incapacidade do governo de decretar luto nacional, abaixar bandeiras ou se referir às vítimas como "mártires" em declarações oficiais ou na mídia.

Em mensagem pública, o arcebispo metropolita ortodoxo grego de Aleppo e Alexandretta, Ephrem Maalouli, dirigiu-se ao presidente do país, Ahmed al-Sharaa.

“Esperávamos ouvir do senhor, presidente, palavras de cura, palavras que chegassem a todos os lares sírios livres e confortassem todos os ouvidos cristãos”, disse Maalouli. “Palavras que honrassem os mártires, consolassem os enlutados e cuidassem das feridas daqueles em leitos de hospital. Palavras que nos mostrassem que o líder da Síria livre se coloca em pé de igualdade com todos os componentes de seu povo”.

O bispo greco-católico melquita de Bosra, Hauran e Monte Druso; Elias Dabbagh, criticou o ministro da Informação da Síria, Mohammed al-Omar.

“Não aceitaremos condolências que não mencionem a palavra mártires”, disse Dabbagh. “Aqueles que morreram nesse atentado criminoso são mártires, quer as pessoas gostem ou não”.

Num telefonema do vice-presidente do país, Farouk al-Sharaa; ao patriarca de Antioquia, o bispo Romanos al-Hanata, oferecendo condolências, o bispo pediu que o presidente visitasse a igreja para confortar pessoalmente as famílias. Sharaa teria respondido: "Vou até você o mais breve possível".

“Com amor, respeito e apreço, Excelência, agradecemos pelo telefonema, mas não é suficiente”, disse o patriarca. “O que aconteceu foi algo grandioso demais para ser descrito só em palavras”.