23 de jun de 2025 às 10:40
O papa Leão XIV reconheceu 174 mártires, entre os quais 50 fiéis franceses mortos em campos de extermínio nazistas na Segunda Guerra Mundial e cerca de 100 padres espanhóis vítimas da Guerra Civil Espanhola.
Em decreto assinado na última sexta-feira (20), o papa também reconheceu um milagre médico ocorrido em 2007 na unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital de Rhode Island, EUA, por meio da intercessão de um padre espanhol do século XIX, o padre Salvador Valera Parra, tornando possível sua futura beatificação.
Fé e resistência
Os mártires franceses reconhecidos na última sexta-feira morreram entre 1944 e 1945 pelo regime nazista por seu ministério e esforços de resistência sob a ocupação alemã.
Entre eles estavam o padre Raimond Cayré, um padre diocesano de 28 anos de idade que morreu de tifo em Buchenwald em outubro de 1944; o padre Gerard Martin Cendrier, um franciscano de 24 anos de idade que morreu no mesmo campo em janeiro de 1945; Roger Vallée, um seminarista de 23 anos de idade que morreu em Mauthausen em outubro de 1944; e Jean Mestre, um membro leigo de 19 anos de idade dos Jovens Trabalhadores Cristãos, que foi morto pela Gestapo, polícia secreta da Alemanha Nazista, em maio de 1944.
Eles faziam parte de uma rede de clérigos, religiosos e leigos, particularmente os filiados à Ação Católica, que acompanharam clandestinamente trabalhadores forçados franceses para a Alemanha depois que o Serviço de Trabalho Obrigatório do regime colaboracionista de Vichy foi adotado em 1943. Alguns foram torturados e mortos pelos nazistas por causa de seu apostolado na Alemanha, enquanto outros morreram ex aerumnis carceris, expressão latina que significa “das dificuldades do cárcere” é desinga uma modalidade de martírio ainda que a vítima não tenha tido sua morte expressamente planejada.
A maioria dos 50 mártires morreu em campos como Buchenwald, Mauthausen, Dachau e Zöschen, de tifo, tuberculose ou executados. Entre eles, quatro franciscanos, nove padres diocesanos, três seminaristas, 14 escoteiros católicos, 19 membros dos Jovens Trabalhadores Cristãos e um jesuíta.
Cerca de 80% desses mártires franceses tinha menos de 30 anos de idade. Os mais jovens dos Escoteiros Católicos, com 21 e 22 anos de idade, foram ambos executados — um a tiros em Buchenwald e o outro por decapitação em Dresden, em 1944.
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Segundo a Santa Sé, a perseguição tinha raízes no odium fidei, ou ódio à fé. A "ação apostólica" dos mártires e sua disposição de morrer em vez de abandonar seus deveres espirituais foram vistas como uma afronta direta à ideologia totalitária e anticristã do regime nazista.
Guerra Civil Espanhola
O papa também reconheceu 124 mártires da Guerra Civil Espanhola, todos da diocese de Jaén, mortos entre 1936 e 1938. Entre eles, estavam 109 padres diocesanos, uma religiosa e 14 leigos.
O Dicastério para as Causas dos Santos os dividiu em dois grupos de mártires para seus registros: padre Manuel Izquierdo Izquierdo e 58 companheiros; e padre Antonio Montañés Chiquero e 64 companheiros.
Eles foram vítimas do anticlericalismo generalizado dos republicanos na guerra civil espanhola, que profanaram igrejas e executaram líderes religiosos. Segundo o Dicastério para as Causas dos Santos, suas mortes, causadas por "sentimentos antirreligiosos e anticristãos" da guerrilha, se enquadram nos critérios da Igreja para o martírio em "odium fidei".
“Estas terras foram abençoadas e irrigadas ao longo dos séculos do cristianismo pelo sangue e testemunho dos mártires”, disse o bispo de Jaén, Espanha, Sebastián Chico Martínez, sobre a notícia. “Sua semeadura foi frutífera em novos cristãos e continuará sendo”.
Os mártires da diocese de Jaén são os mais recentes de um total de cerca de dois mil mártires da Guerra Civil Espanhola já reconhecidos pela Igreja e beatificados sob os pontificados de são João Paulo II, Bento XVI e Francisco.
A cerimônia de beatificação dos novos mártires espanhóis acontecerá em Jaén em data a ser definida.