17 de jun de 2025 às 13:51
A capela dos Mártires, em São Gonçalo do Amarante (RN) foi elevada a santuário no domingo (15) em missa celebrada pelo arcebispo de Natal, dom João Santos Cardoso. A capela marca o lugar onde foram martirizados os santos de Cunhaú e Uruaçu, padroeiros do Rio Grande do Norte, em 3 de outubro de 1645.
Segundo o Dicastério das Causas dos Santos, mais de 80 fiéis católicos foram mortos nos dois dias de massacres de Cunhaú e Uruaçu, mas só 30 mártires puderam ser identificados com certeza na lista de católicos para os quais foi iniciada a causa de canonização. A festa litúrgica destes santos é celebrada em 3 de outubro.
Padre André de Soveral, padre Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e seus 27 companheiros, os santos mártires de Cunhaú e Uruaçu, padroeiros do Rio Grande do Norte, foram mortos em dois períodos de 1645, por holandeses calvinistas que iniciaram uma grande perseguição aos católicos da região.
O primeiro massacre aconteceu em 16 de julho de 1645, em Cunhaú, na capela Nossa Senhora da Purificação ou das Velas, dirigida pelo padre André de Soveral. O sacerdote celebrava a missa na capela quando Jacó Rabe apareceu anunciando importantes comunicações das autoridades governamentais. Logo depois da consagração, um grupo de soldados holandeses, seguido por índios das tribos Tapuias e Potiguari, invadiu a igreja, trancaram as portas e atacaram os fiéis. Quase todos foram mortos à espada, exceto cinco fiéis portugueses que foram feitos reféns. Segundo o Dicastério das Causas dos Santos, dos católicos assassinados, só se conhece o nome do pároco e do leigo Domingo Carvalho.
Padre André de Soveral nasceu por volta de 1572 em São Vicente, na ilha de Santos. Aos 21 anos ingressou na Companhia de Jesus. Ao final dos estudos, foi enviado para Olinda (PE), centro missionário de catequese dos índios de toda a vasta região. A partir de 1607, tornou-se sacerdote diocesano e pároco de Cunhaú. Na época do seu martírio, tinha 73 anos.
O segundo episódio aconteceu em 3 de outubro do mesmo ano em Uruaçu, dentro da igreja Nossa Senhora da Apresentação. Muitos católicos de Natal foram presos junto com o pároco, padre Ambrósio Francisco Ferro, e levados para perto de Uruaçu, soldados holandeses e cerca de 200 índios comandados pelo cacique Antonio Paraopaba, convertido ao protestantismo calvinista os esperavam. Os católicos foram torturados e deixados abandonados para morrer.

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Novo santuário
Dom João Santos Cardoso disse que o título de santuário da capela dos Mártires “expressa não apenas a sua importância religiosa”, mas “a importância religiosa deste monumento”, que “também aponta” que este santuário “é um local sagrado” e “como local sagrado é um espaço para a peregrinação”.
“A gente pode entender este momento como um ponto de partida”, disse o padre Antônio Murilo de Paiva em seu discurso de posse como reitor do santuário dos mártires. “Aliás, um ponto de chegada, desde aquele dia 7 de setembro de 1999, quando foi plantado o cruzeiro aqui”, destacou o sacerdote contando que no local desta igreja “foi feito esse belíssimo monumento”, em “concha”, representando “a concha do peregrino do deserto”, como uma “tenda do deserto” que, “quando não tem nada, tem a tenda para abrigar da chuva, do sol, das angústias, dos sofrimentos”.
Padre Antônio Murilo nasceu em São Gonçalo do Amarante e esteve à frente da divulgação dos Protomártires do Brasil desde a preparação da beatificação dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, beatificados em 5 de março de 2000 pelo papa João Paulo II, até a canonização deles em 15 de outubro de 2017 pelo papa Francisco.
Monumento dos Protomártires do Brasil
Dentro do terreno do novo santuário dos Mártires também há um monumento religioso dos Protomártires do Brasil, erguido em 5 de dezembro de 2000 para homenagear os santos de Cunhaú e Uruaçu e padroeiros do Rio Grande do Norte, mortos em 1645.