3 de fev de 2025 às 12:19
O papa Francisco criticou "interesses nacionalistas" que matam crianças sob bombas e condenou o fato de que muitas delas morrem "como migrantes no mar" ou devido à violência "entre gangues criminosas".
No discurso Vamos amá-los e protegê-los, dito na abertura da Cúpula Internacional sobre os Direitos da Criança no Palácio Apostólico, no Vaticano, o papa também condenou “práticas homicidas” como o aborto e denunciou que muitos menores no mundo “morrem por falta de cuidados ou por vários tipos de exploração”.
"O aborto suprime a vida das crianças e corta a fonte de esperança de toda a sociedade", disse Francisco.
O papa Francisco também lamentou que muitos outros "no deserto, nas muitas rotas das viagens de esperança desesperada".
"Matar os pequenos significa negar o futuro”, disse o papa. “Muitas vezes, as crianças são forçadas a lutar sob a influência de drogas. Mesmo em países onde não há guerra, a violência das gangues é igualmente mortal para as crianças e muitas vezes as deixa órfãs e marginalizadas".
O papa Francisco disse também que nem mesmo o “mundo mais rico está imune à injustiça” e falou sobre outros problemas relacionados à saúde mental.

“As escolas e os serviços de saúde têm que lidar com crianças já provadas por muitas dificuldades, com jovens ansiosos ou deprimidos, com adolescentes que enveredam por caminhos de agressividade ou de automutilação”, disse o papa.
Francisco criticou o "individualismo exagerado" dos países desenvolvidos e disse que as crianças nesses contextos também são "maltratadas ou até mesmo reprimidas por aqueles que deveriam protegê-los e alimentá-los".
“São vítimas de brigas, de angústia social ou mental e das dependências dos pais", disse também o papa Francisco.
O papa exortou os presentes a se perguntarem: "Como é possível que a vida de uma criança deva terminar assim?”
Estavam presentes na cerimônia a rainha Rania da Jordânia; a senadora italiana vitalícia Liliana Segre, sobrevivente do campo de extermínio nazista de Auschwitz; Kailash Satyarthi, ativista indiana que venceu o prêmio Nobel da Paz em 2014; e Al Gore, ex-vice presidente dos EUA.
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"Não é aceitável e devemos resistir a essas práticas”, disse Francisco. “A infância negada é um grito silencioso que denuncia a iniquidade do sistema econômico, a criminalidade das guerras, a falta de assistência médica e de educação escolar".
O papa Francisco criticou certas dinâmicas da mídia que "tendem a tornar a humanidade insensível, causando um endurecimento geral das mentalidades".
"Corremos o risco de perder o que há de mais nobre no coração humano: a piedade, a misericórdia", disse o papa.
Situações dramáticas da infância no mundo
O papa Francisco disse que há cerca de 40 milhões de crianças deslocadas por conflitos e que cerca de 100 milhões estão desabrigadas.

"Cerca de 160 milhões de crianças são vítimas de trabalho forçado, do tráfico, de abuso e exploração de todos os tipos, incluindo matrimônios forçados", disse Francisco.
"Muitas outras crianças vivem no limbo porque não foram registradas ao nascer. Estima-se que cerca de 150 milhões de crianças invisíveis não tenham existência legal", disse o papa. Como não têm proteção da lei, "podem facilmente ser vítimas de abuso ou vendidas como escravas".
“Recordemos dos pequenos rohingya, que muitas vezes lutam para serem registrados, das crianças sem documentos na fronteira com os Estados Unidos, primeiras vítimas desse êxodo do desespero e da esperança de milhares que saem do Sul em direção aos EUA, e de muitos outros”, disse também o papa Francisco.
O papa criticou a "lógica do desperdício" na qual o ser humano "se torna onipotente, a vida não nascida é sacrificada através da prática homicida do aborto".
A Santa Sé diz esperar que a Cúpula Internacional sobre os Direitos da Criança ajude a construir uma plataforma capaz de abordar as questões mais urgentes sobre os direitos das crianças e promover a colaboração internacional para um mundo futuro mais seguro e equitativo para as crianças em todo o mundo.