A Conferência dos Bispos Católicos Australianos aprovou oficialmente ontem (7) uma liturgia usada em uma remota diocese da Austrália Ocidental que incorpora elementos da língua e da cultura aborígenes.

A liturgia é celebrada há mais de 50 anos na diocese de Broome, onde cerca de 13 mil católicos frequentam nove paróquias em uma área um pouco maior do que o Estado de Minas Gerais, com uma população total de pouco mais de 50 mil pessoas.

A missa da Terra do Espírito Santo (Missa Terrae Spiritus Sancti, em latim) agora aguarda o reconhecimento oficial da Santa Sé depois da conferência episcopal australiana aprovar a moção em reunião plenária ontem (7) em Sydney.

O administrador apostólico de Broome, dom Michael Morrissey, disse que a decisão foi um marco. "Depois de um longo período de engajamento, é um reconhecimento significativo dos bispos australianos”.

Duas anciãs indígenas, Maureen Yanawana e Madeleine Jadai, apresentaram a missa à conferência epsicopal australiana e falaram do impacto em sua comunidade. "Cantar o mais alto possível nos traz paz", disse Yanawana durante a apresentação no encontro da conferência epsicoal no Mary MacKillop Place em Sydney.

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Essa missa apresenta várias línguas aborígines locais e tem sido uma atração na diocese de Broome desde que foi autorizada para uso em caráter experimental em 1973.

A missa originada da maior comunidade remota da Austrália Ocidental, Bidyadanga, foi desenvolvida quando o padre Kevin McKelson colaborou com anciãos locais para traduzir e adaptar o rito romano para ressoar com os contextos culturais e linguísticos indígenas. A versão atual da missa foi publicada em 2018.

Segundo a conferência episcopal australiana, o Conselho Católico Nacional de Aborígenes e dos habitantes das Ilhas do estreito de Torres descreve a missa como uma mistura harmoniosa de tradições católicas e aborígenes. Em uma carta de endosso, o conselho elogiou a missa como uma demonstração concreta da dedicação da Igreja em abraçar as dimensões espirituais e culturais dos povos indígenas, promovendo um ambiente de inclusão e respeito.

Isso reflete as palavras do papa são João Paulo II durante a sua visita a Alice Springs em 1986, quando destacou a contribuição essencial dos povos aborígenes e das ilhas do estreito de Torres para a Igreja na Austrália.

"Vocês fazem parte da Austrália e a Austrália faz parte de vocês. E a própria Igreja na Austrália não será plenamente a Igreja que Jesus quer que ela seja até que vocês tenham dado sua contribuição à vida dela e até que essa contribuição tenha sido recebida com alegria pelos outros", disse o papa na época.