O bispo de Trier, dom Stephan Ackermann, disse que não participaria da Marcha pela Vida de Munique, que aconteceu na capital da Baviera há algumas semanas.

“Só digo por mim mesmo: não participaria nesta Marcha pela Vida”, disse Ackermann. O bispo alegou achar necessária “a criação de um equilíbrio entre o direito da mulher à autodeterminação e o direito à vida do nascituro”. É “um assunto tão delicado”, disse Ackermann, “que devo dizer com toda a honestidade: qualquer tipo de agressividade, inclusive na aparência, é proibida para mim por causa da sensibilidade e complexidade do assunto em questão.”

Numa entrevista ontem (29) à rádio Deutschlandfunk, o bispo disse: “Isso não significa que não se tome uma posição clara”.

Segundo Ackermann, porém, é preciso ter cuidado: “Quais são as formas que realmente fazem justiça à dificuldade, à questão dos compromissos que têm de ser feitos? A este respeito, posso compreender que a causa da proteção da vida merece todo o apoio, mas quais são as formas como a defendemos? Acho que é preciso olhar com muito cuidado. E temos opiniões diferentes entre os bispos, por assim dizer”.

De fato, vários bispos alemães participaram da Marcha pela Vida em Munique, como o bispo de Regensburg, dom Rudolf Voderholzer; o bispo-auxiliar de Augsburg, dom Florian Wörner; e o também bispo-auxiliar de Rottenburg-Stuttgart, dom Thomas Maria Renz.

A presidente da Associação Federal pela Vida, Alexandra Linder, que organiza a Marcha Anual pela Vida em Berlim e uma segunda marcha em Colônia, disse à CNA Deutsch: “As declarações do Bispo Ackermann são surpreendentes”.

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Ele poderia “procurar na Internet as demonstrações e reportagens sobre nossas Marchas pela Vida ao longo dos últimos anos e veria facilmente que não houve nenhum sinal de agressão da nossa parte”, disse Linder. “Os ativistas dos direitos à vida que levam o assunto a sério também respeitam a dignidade humana das pessoas que nasceram, mesmo que tenham uma opinião diferente.”

“Se ele quiser condenar agressões, recomendamos a Antifa ou os partidos que financiam” o movimento radical de esquerda, disse a presidente da Associação Federal pelo Direito à Vida. “Se ele quiser denunciar ações erradas, sugerimos a Pro Família – organização pró-aborto irrestrito, mas, ao mesmo tempo, tem a função de aconselhar mulheres grávidas em crise, segundo o artigo 219 do Código Penal. Aqui, mulheres e crianças estão verdadeiramente sendo abandonadas em favor de uma ideologia agressiva e desumana”.

Linder pediu ao bispo de Trier “que gentilmente falasse conosco em vez de sobre nós, que se abstivesse de difamação e, em vez disso, defendesse junto a dignidade humana e a proteção das pessoas afetadas”.

Dom Ackermann não é contra qualquer manifestação de protesto. Segundo o Serviço de Imprensa Evangélica, o bispo participou de uma manifestação “contra o extremismo de direita”, no início do ano.

“Acho ótimo que tantas pessoas estejam agora se manifestando, assumindo um compromisso claro com a nossa ordem básica democrática livre e saindo às ruas para fazê-lo”, disse Ackermann na época.