Quase 60 mil membros da Ação Católica Italiana reuniram-se hoje (25) na praça de São Pedro, no Vaticano, para participar do evento “De Braços Abertos” com o papa Francisco.

O papa percorreu a praça lotada no papamóvel ao som de uma banda de música. Depois de cumprimentar os fiéis, Francisco propôs, em seu discurso, a criação de uma “cultura do abraço”.

No início, exortou os milhares de fiéis a não esquecerem as pessoas que sofrem e disse que “o abraço é uma das expressões mais espontâneas da experiência humana”.

“A vida do ser humano se abre com um abraço, o dos pais, primeiro gesto de acolhimento, ao qual se seguem muitos outros, que dão sentido e valor aos dias e aos anos, até ao último, o da despedida do caminho terreno. E sobretudo está envolvida do grande abraço de Deus”, disse Francisco.

“O que seria de nossa vida e como a missão da Igreja poderia ser realizada sem esses abraços?”, perguntou o papa.

Fiel ao artifício jesuíta de enumerar sempre três coisas, Francisco distinguiu três tipos de abraço: o abraço que falta, o abraço que salva e o abraço que muda vidas.

Sobre o primeiro, o papa Francisco lamentou que, às vezes, “os braços ficam rígidos e as mãos se fecham de forma ameaçadora, não se tornando mais veículos de fraternidade, mas de rejeição, de oposição, muitas vezes até violenta, também sinal de desconfiança em relação aos outros, próximos e distantes, a ponto de levar ao conflito”.

“Quando o abraço se transforma em um punho, é muito perigoso. Na origem das guerras geralmente há abraços que faltaram ou abraços rejeitados, que são seguidos de preconceitos, mal-entendidos e suspeitas, a ponto de ver o outro como inimigo”, disse.

Sobre o abraço que salva, disse que “abraçar-se significa expressar valores positivos e fundamentais como o afeto, a estima, a confiança, o encorajamento, a reconciliação. Mas se torna ainda mais vital quando é vivido na dimensão da fé”.

“No centro da nossa existência está o abraço misericordioso de Deus que salva, o abraço do Pai bom que se revelou em Cristo Jesus, e cujo rosto se reflete em cada seu gesto de perdão, de cura, de libertação, de serviço, e cuja revelação atinge o seu ápice na Eucaristia e na Cruz”, disse o papa.

Francisco convidou a “nunca perder de vista o abraço do Pai que salva, paradigma de vida e coração do Evangelho, modelo de radicalidade do amor, que se alimenta e se inspira no dom gratuito e sempre superabundante de Deus”.

Para o papa, “um abraço pode mudar vidas, mostrar novos caminhos, caminhos de esperança”

“Vocês serão tanto mais presença de Cristo quanto mais souberem abraçar e apoiar cada irmão necessitado com braços misericordiosos e compassivos”, continuou ele.

Francisco disse que “a cultura do abraço, através dos vossos itinerários pessoais e comunitários, crescerá na Igreja e na sociedade, renovando as relações familiares e educativas, renovando os processos de reconciliação e de justiça, renovando os esforços de comunhão e de corresponsabilidade, construindo laços para um futuro de paz”.