“Vocês são chamados a ser protagonistas e não espectadores do futuro”, disse o papa Francisco hoje (19) ao receber em audiência os alunos e professores da rede nacional das “Escolas para a Paz”.

No início do seu discurso, Francisco transmitiu a sua gratidão pelas ideias, iniciativas e atividades que visam “promover uma nova visão do mundo”.

“Obrigado por estarem cheios de entusiasmo na busca de objetivos de beleza e bondade, em meio a situações dramáticas, de injustiça e de violência que desfiguram a dignidade humana”, disse ele.

O papa Francisco lembrou que no próximo mês de setembro se realizará em Nova York, EUA, a “Cúpula do Futuro”, convocada pela ONU para abordar os grandes desafios globais deste momento histórico e assinar um “Pacto para o Futuro” e uma “Declaração sobre as gerações futuras”. 

Para o papa, este é “um evento importante, e a contribuição de vocês também é necessária para que não fique apenas ‘no papel’, mas se concretize e se realize por meio de caminhos e ações de mudança”.

“Vocês são chamados a ser protagonistas e não espectadores do futuro”

O papa Francisco dirigiu-se aos jovens e disse-lhes que são “chamados a ser protagonistas e não espectadores do futuro”.

“Não podemos simplesmente delegar nossas preocupações ao ‘mundo vindouro’ e a resolução de seus problemas às instituições designadas e àqueles com responsabilidades sociais e políticas específicas”, disse.

Segundo o papa, estes “desafios” exigem competências específicas, “mas é igualmente verdade que eles nos dizem respeito, tocam a vida de todos e exigem de cada um de nós uma participação ativa e um compromisso pessoal”.

“Num mundo globalizado, onde todos somos interdependentes, não é possível proceder como indivíduos que cuidam apenas de seu próprio ‘jardim’, de cultivar os seus próprios interesses: em vez disso, é necessário trabalhar em rede e formar rede, conectar-nos, trabalhar em sinergia e harmonia”, disse ele.

Para o papa Francisco, “os desafios de hoje e, sobretudo, os riscos que, como nuvens escuras, pairam sobre nós, ameaçando o nosso futuro, tornaram-se também globais”.

“Dizem respeito a todos nós, questionam toda a comunidade humana, exigem a coragem e a criatividade de um sonho coletivo que anime o compromisso constante, para enfrentar juntos as crises ambientais, econômicas, políticas e sociais que atravessa o nosso planeta".

“A paz não é apenas a ausência de guerra”

O papa disse que os jovens devem estar “acordados” e exortou-os a trabalhar pela paz e pelo cuidado, “duas realidades inter-relacionadas”.

Para Francisco, “a paz não é apenas o silêncio das armas e a ausência de guerra; é um clima de benevolência, confiança e amor que pode amadurecer numa sociedade fundada em relações de cuidado, em que o individualismo, a distração e a indiferença dão lugar à capacidade de prestar atenção ao outro, de o ouvir nas suas necessidades fundamentais, para curar suas feridas, de ser para ele ou para ela instrumentos de compaixão e cura”.

“Este é o cuidado que Jesus tem pela humanidade, em particular pelos mais frágeis, e do qual o Evangelho nos fala muitas vezes”, disse.

“Neste tempo ainda marcado pela guerra, peço-lhes que sejam artesãos da paz; numa sociedade ainda aprisionada pela cultura do descartável, peço-lhes que sejam protagonistas da inclusão; num mundo dilacerado por crises globais, que sejam construtores do futuro, para que a nossa Casa comum se torne um lugar de fraternidade”, disse o papa.

Finalmente, ele convidou os presentes a pensar “nas crianças que estão na guerra, pensar nas crianças ucranianas que se esqueceram de sorrir”.

“Rezem por essas crianças, coloquem em seus corações as crianças que estão na guerra. Pensem nas crianças de Gaza, metralhadas, que passam fome. Pensem nas crianças. Agora um pouco de silêncio, e cada um de nós pense nas crianças ucranianas e nas crianças de Gaza”, disse o papa.

“Que vocês sempre se preocupem com o destino do nosso planeta e de seus semelhantes; que vocês se preocupem com o futuro que se abre diante de nós, para que seja verdadeiramente como Deus sonha para todos: um futuro de paz e beleza para toda a humanidade”, concluiu.

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