O arcebispo de Tours, França, dom Vincent Jordy, disse que à luz do debate sobre o projeto de lei da eutanásia promovido pelo presidente Emmanuel Macron, os bispos do país europeu procuram “despertar as consciências”.

Em um vídeo publicado na conta da Igreja na França na rede social X, dom Vincent Jordy disse que "os bispos estão na sociedade, eles têm uma mensagem que anunciam em nome de Cristo e vivem em uma sociedade onde compartilham as preocupações e as perguntas de seus concidadãos".

“Neste sentido, pela mensagem que transmitem e pela experiência e reflexão que têm, contribuem, eu diria, com a reflexão para o debate, permitem acentuar o discernimento”, acrescentou

“Os bispos não forçam ninguém sobre o tema em questão”, o que eles “têm como ‘arma’ é a arma da palavra com a qual podemos convidar e despertar as consciências”, disse o arcebispo francês.

Dom Jordy disse que em 2017 o presidente francês lhes disse que esperava “liberdade e sabedoria” da Igreja. Pois bem, somos livres para nos expressar e colocamos em prática uma forma de sabedoria na qual cada um é convidado a entrar.”

O arcebispo de Tours também comentou que os bispos incentivam a implementação de um plano de cuidados paliativos em vez da eutanásia ou do suicídio assistido, já que atualmente há meios que “permitem acompanhar o sofrimento moral e a dor do organismo”.

Segundo dom Jordy, embora cada um seja livre para tomar as suas próprias decisões e opções em relação à sua própria vida, não se deve esquecer que todas as pessoas estão relacionadas.

“As decisões que tomamos afetam os outros. É verdade que a liberdade é importante, mas a minha liberdade está ligada à liberdade dos outros, está na relação com eles”, acrescentou.

O projeto de eutanásia na França

Depois de incluir o aborto como um “direito” na Constituição francesa, o presidente Emmanuel Macron apresentou um projeto de lei para legalizar a eutanásia no país.

Segundo o jornal espanhol ABC, o projeto de Macron visa permitir que uma pessoa que queira tirar a própria vida possa ingerir uma substância letal caso sofra de uma doença grave ou incurável, que represente “sofrimento físico ou psicológico insuportável”.

A lei incluiria também a oferta de cuidados paliativos “para evitar dar a impressão” de que oferecem “morte assistida porque a sociedade não tem capacidade de oferecer cuidados”.

“Esta lei marca o início de uma nova etapa. Espero realmente que permita à nossa sociedade crescer no sentido da dignidade humana e olhar para a morte de forma diferente, onde muitas vezes a relegamos à margem”, disse Macron, em entrevista aos jornais franceses La Croix e Libération.

O que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre a eutanásia?

O número 2.277 do Catecismo estabelece que “quaisquer que sejam os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inaceitável.”

“Assim, uma ação ou uma omissão que, de per si ou na intenção, cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento, constitui um assassínio gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador”, acrescenta o texto.

“O erro de juízo, em que se pode ter caído de boa fé, não muda a natureza do ato homicida, o qual deve sempre ser condenado e posto de parte”, diz.

O parágrafo 2.279 afirma que “mesmo que a morte seja considerada iminente, os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos”.

“Os cuidados paliativos constituem uma forma excepcional da caridade desinteressada; a esse título, devem ser encorajados”, conclui.

 

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