A temperança é “a capacidade de autocontrole, a arte de não se deixar dominar pelas paixões rebeldes, de pôr ordem na confusão do coração humano”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (17) na qual continuou o seu ciclo de catequeses sobre vícios e virtudes.

Da Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa disse que a temperança “garante o domínio da vontade sobre os instintos” e que é também a virtude “da justa medida”.

Para Francisco, “as pessoas que sempre agem por ímpeto ou exuberância, em última análise, não são confiáveis. Pessoas sem temperança não são confiáveis”.

“Mesmo com os prazeres, a pessoa temperante age com julgamento”, disse.

“O livre fluxo dos impulsos e a total licença concedida aos prazeres acabam se voltando contra nós mesmos, mergulhando-nos num estado de tédio”, continuou.

Para o papa Francisco, “a pessoa temperante sabe pesar e medir bem as palavras. Ela não permite que um momento de raiva arruíne relacionamentos e amizades que depois só podem ser reconstruídas com dificuldade”.

“Especialmente na vida familiar, onde as inibições são menores, todos corremos o risco de não controlar as tensões, irritações e raiva. Há um momento de falar e outro de calar, mas ambos exigem a medida certa”, disse o papa Francisco.

“É preciso ficar indignado, mas sempre da maneira certa”, continuou. “Uma palavra de censura às vezes é mais saudável do que um silêncio ácido e ressentido. O temperante sabe que nada é mais inconveniente do que corrigir o outro, mas também sabe que é necessário: caso contrário, daria rédea solta ao mal”.

Segundo o papa, o dom da temperança é, portanto, “equilíbrio” e “uma qualidade tão preciosa quanto rara”.

Francisco disse que “tudo, de fato, em nosso mundo leva ao excesso”. “A pessoa que põe em prática a temperança representa o equilíbrio e vive valores próximos ao estilo do Evangelho, como a pequenez, a discrição e a mansidão”, continuou.

“Quem é temperante aprecia a estima dos outros, mas não faz dela o único critério para cada ação e cada palavra. É sensível, sabe chorar e não tem vergonha disso, mas não sente pena de si mesmo. Derrotado, ele se levanta novamente; vitorioso, ele consegue retornar à sua vida oculta habitual. Não busca aplausos, mas sabe que precisa dos outros”.

Para o papa, “não é verdade que a temperança deixa-nos grisalhos e tristes. Antes, faz-nos desfrutar melhor dos bens da vida”.

“A felicidade com temperança é a alegria que floresce no coração de quem reconhece e valoriza o que é mais importante na vida. Rezemos ao Senhor para que nos conceda esse dom”, concluiu o papa Francisco.

No final da sua catequese e durante a saudação aos peregrinos, Francisco voltou a dizer que “num mundo que evidencia os excessos, a temperança põe ordem no coração”.