O papa Francisco vai conceder uma nunciatura a dom Georg Gänswein, que foi secretário particular de Bento XVI e que está há meses na Alemanha sem missão fixa, disse o jornal argentino La Nación.

O arcebispo alemão será em breve nomeado embaixador da Santa Sé, apesar das suas divergências com o papa Francisco, que aumentaram depois da morte de Bento XVI, diz o jornal.

Destinado à Alemanha sem nenhuma missão

Desde junho de 2023, dom Gänswein está na sua diocese natal de Friburgo, sem nenhuma missão específica, depois que o papa Francisco pediu que ele deixasse o mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, onde morou por 28 anos.

Depois da morte de Bento XVI, o futuro do arcebispo foi alvo de rumores em Roma e na Igreja na Alemanha durante meses. Antes de se despedir do Vaticano, encontrou-se em particular com o papa três vezes.

Finalmente, em 15 de junho de 2023, a Santa Sé confirmou que o arcebispo retornaria a sua diocese natal.

Tensões entre Gänswein e o papa Francisco

Em janeiro de 2023, logo depois da morte de Bento XVI, dom Georg Gänswein publicou as suas memórias sob o título Nada mais que a verdade. A minha vida com Bento XVI, onde contou uma série de detalhes desconhecidos sobre o pontificado do cardeal Joseph Ratzinger.

No livro também relatou algumas das tensões que teve com o papa Francisco, chegando inclusive a dizer que o papa Francisco tinha perdido a “confiança nele” quando em 2020 lhe concedeu uma licença como prefeito da Casa Pontifícia sem justificar publicamente essa medida.

A resposta do papa

No recente livro escrito pelo jornalista espanhol Javier Martínez-Brocal, intitulado O Sucessor. Nas minhas memórias de Bento XVI, o papa Francisco disse que o arcebispo demonstrou “falta de nobreza e humildade” com a publicação do seu livro.

“Que no dia do funeral seja publicado um livro que me deixa chateado, que conta coisas que não são verdade, é muito triste. É claro que isso não me afeta no sentido de que não me condiciona. Mas me machucou que Bento XVI tenha sido usado”, disse o papa Francisco.

No livro, o papa Francisco também disse que, apesar de ter tido um bom relacionamento com o papa emérito, “o seu secretário às vezes dificultava as coisas para mim”.