Continuando o seu ciclo de catequeses sobre as virtudes, o papa Francisco dedicou a Audiência Geral de hoje (27), à reflexão sobre a paciência, virtude que, segundo ele, devemos imitar de Cristo e pedir ao Espírito Santo.

No início, Francisco disse aos fiéis que a Audiência Geral foi transferida da Praça de São Pedro, no Vaticano, para o interior da Sala Paulo VI por causa da chuva. “Obrigado pela paciência, aqui pelo menos não nos molhamos”, disse o papa.

Pela primeira vez em quase um mês, o papa Francisco leu o texto completo da sua catequese. Problemas de saúde impediram-no de ler discursos e homilias nas últimas semanas.

“Na Paixão surge a paciência de Cristo”

Na catequese de hoje (27), o papa Francisco falou da importância da paciência e explicou que a palavra tem a mesma raiz de “paixão”.

“Na Paixão surge a paciência de Cristo, que com mansidão aceita ser preso, esbofeteado e condenado injustamente; diante de Pilatos ele não recrimina; suporta os insultos, cuspidas e flagelações dos soldados; carrega o peso da cruz; perdoa quem o prega no madeiro e na cruz não responde às provocações, mas oferece misericórdia”.

Também disse que “a paciência de Jesus não consiste numa resistência estoica ao sofrimento, mas é o fruto de um amor maior”.

A caridade, segundo o papa, “é magnânima e paciente” e Jesus, “em vez de dar vazão ao seu desgosto pelo mal e pelo pecado do homem, revela ser maior, sempre pronto a recomeçar com paciência infinita”.

Para o papa Francisco, a paciência “é o primeiro traço de todo grande amor, que sabe responder ao mal com o bem, que não se fecha na raiva e no desânimo, mas persevera e se relança”.

Francisco disse que “não há melhor testemunho do amor de Cristo do que encontrar um cristão paciente”.

“Pensemos também em quantas mães e pais, trabalhadores, médicos e enfermeiros, doentes que todos os dias, escondidos, embelezam o mundo com uma santa paciência!”, disse.

O papa lamentou que “muitas vezes nos falta paciência” e que “instintivamente ficamos impacientes e respondemos ao mal com o mal”.

Às vezes, continuou ele, “é difícil manter a calma, controlar os nossos instintos, conter as más respostas, neutralizar discussões e conflitos em família, no trabalho, na comunidade cristã. A resposta vem rapidamente, não somos capazes de ser pacientes”.

Diante disso, o papa Francisco pediu para lembrar que “a paciência não é apenas uma necessidade, é um chamado: se Cristo é paciente, o cristão é chamado a ser paciente”.

“E isto”, disse Francisco, “nos obriga a ir contra a corrente da mentalidade hoje difundida, na qual dominam a pressa e o ‘tudo e agora’; na qual, em vez de esperar que as situações amadureçam, as pessoas ficam espremidas, esperando que elas mudem instantaneamente”.

O papa Francisco disse que “a pressa e a impaciência são inimigas da vida espiritual: Deus é amor, e quem ama não se cansa, não se irrita, não dá ultimatos, mas sabe esperar”.

Como crescer em paciência?

A paciência, recordou o papa, é fruto do Espírito Santo e por isso devemos pedi-la a Ele.

Francisco disse que especialmente nestes dias da Semana Santa, “nos fará bem contemplar o Crucificado para assimilar a sua paciência”.

“Um bom exercício é também levar a Ele as pessoas mais chatas, pedindo-lhe a graça de pôr em prática para com elas aquela obra de misericórdia que é ao mesmo tempo conhecida e ignorada: suportar pacientemente as pessoas chatas. Não é fácil", disse ele.

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“Começa-se pedindo para vê-las com compaixão, com o olhar de Deus, sabendo distinguir os seus rostos dos seus erros”, continuou.

“Temos o hábito de catalogar as pessoas com os erros que cometem. Não, isso não é bom. Devemos procurar as pessoas pelo seu rosto, pelo seu coração e não pelos erros”, disse.

Segundo o papa, “para cultivar a paciência, virtude que dá fôlego à vida, é bom ampliar o olhar".

“Por exemplo, não limitar o mundo aos nossos problemas, como nos convida a fazer a Imitação de Cristo, que diz: 'É necessário, portanto, que te lembres dos sofrimentos mais graves dos outros, para que aprendas a suportar os teus, pequeninos', lembrando que 'Não há nada, por menor que seja, que seja suportado por amor de Deus, que passe sem recompensa diante de Deus' (III, 19)”.

Concluindo, disse que “quando nos sentimos presos pela prova, como nos ensina Jó, é bom abrir-nos com esperança à novidade de Deus, na firme confiança de que Ele não deixará frustradas as nossas expectativas”.