A arquidiocese de Goiânia emitiu uma nota hoje (12), informando que “ em sintonia com o Motu proprio Traditionis custodes” do papa Francisco e “de acordo com o diálogo com a Província Redentorista de Brasília”, encerrou a celebração da missa anterior à reforma do Concílio Vaticano na capela São José.  A arquidiocese disse que “que acompanhará os fiéis membros do Apostolado São José” vai estudar “a designação de um padre e a definição de uma nova igreja para a celebração da santa missa segundo o rito romano do missal de são João XXIII”.

Uma “nota pastoral sobre a capela São José” assinada pelo superior maior da Congregação do Santíssimo Redentor, padre João Paulo Santos de Souza, e pelo secretário provincial, padre Aragonês de Jesus Parreira, na sexta-feira (8), dirigida ao arcebispo de Goiânia, dom João Justino de Medeiros Silva, e aos membros do Apostolado São José diz que, depois do “parecer favorável do Conselho Provincial” e do arcebispo de Goiânia, ficou “decido que a capela São José, após acolher e possibilitar a organização” do Apostolado São José, seria “destinada à outra finalidade missionária da Congregação a ser indicada pelo supracitado Conselho”.

A nota também pede à arquidiocese “a indicação de outro espaço litúrgico e de outro presbítero responsável, de modo que o Apostolado São José” não fique “desamparado”.

Os religiosos ainda manifestaram “a este apostolado respeito e reconhecimento pelo profícuo trabalho realizado até aqui” e lembraram a eles que “com sensibilidade pastoral, os superiores redentoristas” e o arcebispo de Goiânia “disponibilizaram um confrade para dedicar-se a este apostolado e, mais tarde, concederam, também, o uso da capela São José para possibilitar uma melhor organização dos fiéis e realização da missão do apostolado”, mas “após este tempo de dedicação da capela a este apostolado, o atual Governo Provincial” fez algumas considerações sobre a atual decisão.

Segundo a congregação, “a capela São José é um oratório particular pertencente à Congregação do Santíssimo Redentor – Província de Brasília” e foi autorizada “a título precário, quer dizer, não permanente, dada pelo superior provincial”, sob “a orientação” do padre redentorista, Bráulio Maria “desde o ano de 2019”, mas segundo a Congregação do Santíssimo Redentor, agora, o sacerdote “deve ser enviado a outra frente de missão”.

Sobre a decisão da sua congregação e da arquidiocese de Goiânia, padre Bráulio Maria fez um pronunciamento nas redes sociais pedindo aos fiéis que “não deem ouvidos às falácias espalhadas de maneira desenfreada e desrespeitosa com tudo o que envolve a situação” e disse que “no início do mês de fevereiro” o Apostolado Tradicional São José  foi surpreendido “pela decisão do provincial redentorista” ao “requerer a capela São José apenas com o propósito declarado de interromper as atividades deste apostolado”.

“Essa decisão foi tomada de maneira unilateral, sem considerar a nossa história de oito anos aqui. E os frutos para a igreja, para a sociedade que deste apostolado surgiram. De tudo que vem acontecendo conosco nesses últimos 30 dias, o que mais me impressiona é a frieza, a falta de caridade em desalojar os fiéis e suas famílias, sem a mínima preocupação com as pessoas e a sua situação. Em nossos dias, enquanto tantos deixam a verdadeira igreja para migrarem para seitas e o ateísmo prático, uma igreja em declínio numérico como se encontra a nossa, por meio de seus hierarcas, se acha no direito de despejar fiéis piedosos de um lugar que eles cuidaram com carinho, pois o encontraram abandonado. E isso não se faz nem com um cachorro!”, disse o sacerdote.

Para o sacerdote, o provincial e as demais autoridades “não admitirem” o “modo de viver a fé católica” do Apostolado e os “ignoraram”.

“Seria muito difícil para eles que dedicaram sua vida ao novo jeito de ser igreja, ver que o jeito de sempre, continua vivo e eficaz, que os casais estão mais abertos a vida, a terem filhos, há inúmeros batizados e casamentos, conversões. Os jovens se dão em namoro, de um modo mais de quem quer acertar ao chegar ao matrimônio. Então, a maneira mais simples foi a menos cristã possível: 'Vamos fingir que aquele grupo de fiéis não são pessoas, não tem sentimento, não tem filhos, nem precisam abrigar-se para se recolher e rezar e cultuar o verdadeiro Deus na santa missa. Vamos tirar deles o seu pastor que, apesar de ignorante e pecador usa seu cajado para bater nos lobos e se debruça sobre as ovelhas porque as ama'. Muito pertinente seria citar aqui são Mateus: "Então, Nosso Senhor disse aos discípulos: "esta noite serei uma pedra de tropeço para todos vocês, porque está escrito: "ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho ficaram dispersas (percutiam pastorem et dispersae sunt oves gregis)"", pontuou

“O mais curioso é, diante desta situação toda, considerar o tema proposto pela Campanha da Fraternidade para meditação durante esta Quaresma: Fraternidade e amizade social. Porque não, a amizade social para conosco? O que fizemos para merecer tanta frieza? Mas não se preocupem, as disposições da Divina Providência são inequívocas. Iremos entregar a capela, eu seguirei o meu caminho e Deus há de conduzir toda esta situação, para encontrarmos o bem, a maior glória de Deus e a salvação das almas. Peço que você reze por nós, para que Deus nos ilumine o melhor caminho que nós precisamos seguir”, pediu o sacerdote no vídeo.