O papa Francisco pede para “erradicar as situações que protegem aqueles que se escondem atrás da sua posição para se imporem aos outros de forma perversa”, num discurso dirigido aos participantes do III Congresso Latino-Americano Vulnerabilidade e abuso: para uma visão mais ampla da prevenção organizada pelo Centro de Proteção de Menores (CEPROME), que acontece na Cidade do Panamá de hoje (12) até quinta-feira (15).

Francisco disse no seu discurso que, no campo da prevenção, devem ser feitos esforços para entender por que os abusadores “são incapazes de se relacionar com os outros de forma saudável”.

“Alguns aceitam ir contra sua consciência, por medo, ou se deixam enganar por falsas promessas, sabendo no seu coração que estão no caminho errado", disse o papa. “Humanizar as relações em qualquer sociedade, inclusive na Igreja, significa trabalhar arduamente para formar pessoas maduras e coerentes que, firmes em sua fé e em seus princípios éticos, sejam capazes de enfrentar o mal, testemunhando a verdade com letras maiúsculas”.

Para o papa Francisco, “uma sociedade que não se baseia nessas premissas de integridade moral será uma sociedade doente, com relações humanas e institucionais pervertidas pelo egoísmo, pela desconfiança, pelo medo e pelo engano”.

Um “olhar divinizado”

Francisco exortou a contemplar o problema dos abusos “com os olhos de Deus”, de tal forma que o “olhar divinizado” ajude “a nossa compreensão da vulnerabilidade, porque o Senhor tirou força dos fracos, fazendo da fragilidade o seu próprio testemunho'”, como afirma o Prefácio da missa dos mártires.

“Deus nos chama a uma mudança absoluta de mentalidade em nossa concepção das relações, privilegiando o menor, o pobre, o servo, o inculto, em relação ao maior, o rico, o patrão, o instruído, com base na capacidade de acolher a graça que Deus nos dá e de fazer-nos dom para os outros”, disse o papa.

Francisco denunciou que “olhar para a própria fraqueza como uma desculpa para não sermos pessoas e cristãos íntegros, incapazes de tomar seu destino em suas próprias mãos, criará pessoas infantis, ressentidas, e de forma alguma representa a pequenez à qual Jesus nos convida".

No sentido oposto, acrescentou, “a força daquele que, como são Paulo, se gloria nas suas fraquezas e confia na graça do Senhor é um dom que devemos pedir de joelhos para nós e para os outros”, porque com isto “poderemos enfrentar as contradições da vida e contribuir para o bem comum na vocação a que fomos chamados”.