“Todos nós somos chamados - especialmente as autoridades eclesiásticas - a conhecer diretamente o impacto do abuso e a nos deixar abalar pelo sofrimento das vítimas”, disse o papa Francisco hoje (7) ao receber os membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores por ocasião da celebração da sua Assembleia Plenária.

A forma de fazer isso é “ouvindo diretamente sua voz e praticando aquela proximidade que, por meio de escolhas concretas, as eleva, ajuda e prepara um futuro diferente para todos”, continuou o papa. O discurso foi lido pelo padre Pierluigi Giroli porque o papa ainda está resfriado.

Segundo o papa, “não podemos ajudar outra pessoa a carregar seus fardos sem colocá-los em nossos ombros”. “A proximidade com as vítimas de abuso não é um conceito abstrato”, mas uma realidade concreta.

“Não deve acontecer que as vítimas de abuso não sejam acolhidas e ouvidas, porque isso pode agravar muito o sofrimento delas”, disse Francisco.

O papa agradeceu o trabalho dos membros da Pontifícia Comissão que criou em 22 de março de 2014 “para promover a proteção da dignidade dos menores e dos adultos vulneráveis”.

A missão dos seus membros “é uma vocação corajosa, que nasce do coração da Igreja e a ajuda a purificar-se e a crescer” e que consiste em “ajudar a fazer da Igreja um lugar cada vez mais seguro para as crianças e adultos vulneráveis”, disse o papa. “Diante do escândalo do abuso e do sofrimento das vítimas, podemos ficar desanimados, pois o desafio de reconstruir o tecido de vidas destruídas e curar a dor é grande e complexo”. 

“Mas nosso compromisso não pode falhar; na verdade, eu os incentivo a seguir em frente, para que a Igreja seja sempre e em todos os aspectos um lugar onde todos possam se sentir em casa e onde cada pessoa seja considerada sagrada”, continuou.

“Uma grande parte deste serviço é realizada de forma confidencial, como deveria ser por respeito às pessoas”, disse o papa. “Mas, ao mesmo tempo, os seus frutos devem tornar-se visíveis: as pessoas devem conhecer o trabalho que vocês realizam acompanhando a pastoral das Igrejas locais”.

O papa se disse convicto de que o trabalho da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores servirá “para que a Igreja continue a se empenhar com toda a força na prevenção do abuso, na firme condenação do abuso, no cuidado compassivo com as vítimas e no esforço constante para ser um lugar hospitaleiro e seguro”.