O bispo de Orihuela-Alicante, Espanha, dom José Ignacio Munilla, afastou o padre Francisco José Vegara “de qualquer cargo ou posição” depois de vários meses tentando dissuadi-lo da sua repetida acusação contra o papa Francisco de ser um “herege” e de ser um papa eleito invalidamente.

“Há meses, tanto o bispo como outros por ele designados se reúnem com o sacerdote Vegara Cerezo para escutá-lo, dialogar e, finalmente, dada a sua reiterada postura, adverti-lo por escrito. Durante este tempo, também, foram confirmadas possíveis condições pessoais que podem estar afetando o seu comportamento e o adequado exercício do seu ministério pastoral”, disse o comunicado da diocese enviado à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Segundo o testemunho do padre Vegara, essas advertências incluiriam um diálogo com um teólogo no qual ele teria confrontado algumas das teorias que ele defende desde 2012 sobre erros no ensino de santo Tomás de Aquino e sobre as quais foi ordenado a se manter em silêncio desde então.

Ele contou que foi a uma consulta com um psiquiatra, onde foi diagnosticado com personalidade anancástica, o que implica “que tem uma obsessão pela perfeição e pelo detalhe”, segundo a Real Academia Espanhola.

Há um processo canônico aberto contra o padre. Sua última missão pastoral foi na paróquia de San Isidro, no município de Callosa del Segura, para onde foi enviado pelo então bispo de Orihuela-Alicante, dom Jesús Murgui.

O padre Vegara deu várias entrevistas nos últimos dias nas quais expressou a sua opinião sobre o que classificou como magistério “herético” do papa Francisco e a sua eleição “inválida”, que detalhou num texto intitulado Manifesto para reivindicar a doutrina católica.

Neste manifesto, o padre Vegara defende “o carácter herético do papa Francisco” através da análise de alguns documentos como as exortações apostólicas Evangelii Gaudium e Amoris Laetitia, o documento dos bispos argentinos sobre a aplicação da Amoris Laetitia sobre o acesso à comunhão para os divorciados em uma nova união e a declaração de Abu Dhabi de 2019.

Também faz referência à carta apostólica Desiderio Desideravi, às respostas do papa Francisco às primeiras dubia apresentadas por cinco cardeais, publicadas em outubro de 2023, ou à declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé Fiducia supplicans.

Na opinião do padre Vegara, as “heresias magisteriais do papa Francisco” levam à conclusão de que “o infeliz pontificado do papa Francisco arruinou tudo”.

Segundo o padre Vegara, a invalidade do magistério do papa Francisco seria consequência da um defeito formal na renúncia do papa Bento XVI. Isto consistiria no fato de que o ato de renúncia, realizado em 11 de fevereiro de 2013, deveria ter produzido efeitos imediatos e não ter sido adiado para 28 de fevereiro.

O comunicado da diocese diz que “dom José Ignacio Munilla Aguirre manifesta, em seu próprio nome e em nome de toda a Igreja diocesana de Orihuela-Alicante, a plena comunhão de fé, caridade e obediência, filial e fraterna, com aquele que o Senhor escolheu como Sucessor de Pedro, o papa Francisco”.

O comunicado da diocese de Orihuela Alicante concluiu dizendo que “seguindo o pedido constante do papa Francisco desde o dia da sua eleição, todos os fiéis são convidados a ‘com um só coração’ rezar pela sua vida e ministério e, assim, caminhando juntos, continuar acompanhando na fé o povo santo de Deus que lhe foi confiado por Jesus, com a ajuda do Espírito Santo e a intercessão materna da Virgem Maria”.