Pelo menos 15 pessoas que participavam ontem (25) da missa dominical em Burkina Faso foram mortas quando terroristas atacaram a aldeia de Essakane, na província de Oudalan, na região nordeste do país, uma jurisdição da diocese de Dori.

Em um comunicado, o vigário geral da diocese de Dori, o padre Jean-Pierre Sawadogo, confirmou o ataque de ontem (25) e pediu por orações pelas almas daqueles que, disse ele, “morreram na fé”. Ele também exortou à solidariedade espiritual com todos aqueles que necessitam de cura e consolação.

“Trazemos à sua atenção um ataque terrorista do qual a comunidade católica da aldeia de Essakane foi vítima hoje, 25 de fevereiro, enquanto se reunia para a oração dominical”, disse o padre Jean-Pierre Sawadogo sobre o ataque à aldeia localizada no que é descrito como zona das “três fronteiras”, perto das fronteiras de Burkina Faso com o Mali e o Níger.

“Nesta dolorosa circunstância, convidamos vocês a rezarem por aqueles que morreram na fé, pela cura dos feridos e pelo consolo dos corações enlutados”, acrescentou o padre Sawadogo.

“Que os nossos esforços de penitência e oração durante este período abençoado da Quaresma obtenham paz e segurança para o nosso país, Burkina Faso”, implorou.

Segundo o vigário geral da diocese de Dori, 12 fiéis católicos foram mortos no local do ataque, enquanto três sucumbiram aos ferimentos enquanto recebiam tratamento; outros dois estão sendo atendidos em hospitais do país que faz parte da vasta região do Sahel.

A região do Sahel abrange cerca de 5.400 km e se estende desde o Oceano Atlântico em direção a leste, passando pelo norte do Senegal, sul da Mauritânia, a grande curva do rio Níger no Mali, Burkina Faso, sul do Níger, nordeste da Nigéria, centro-sul do Chade e Sudão.

O ataque de ontem (25) é o mais recente de uma série de atrocidades no Sahel atribuídas a grupos terroristas islâmicos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico, supostamente ativos na região do Sahel, que tomaram longas faixas de terra e contribuíram para o deslocamento de milhões de pessoas da região.

As autoridades da região do Sahel têm lutado contra os grupos terroristas islâmicos desde a guerra civil da Líbia em 2011, seguida pela tomada de poder islâmica no norte do Mali em 2012. A insurreição jihadista teria se espalhado para Burkina Faso e para o Níger a partir de 2015.

Embora alguns ataques tenham como alvo igrejas cristãs, outros ataques envolveram o sequestro de membros do clero, mulheres e homens religiosos e seminaristas.

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Na sua declaração de ontem, o vigário geral da diocese de Dori apelou à paz e segurança no país da África ocidental e denunciou indivíduos e grupos que “continuam causando morte e desolação no nosso país” e exortou a orações pela sua conversão.

No ano passado, o bispo de Dori e presidente da Conferência Episcopal Católica de Burkina Faso e Níger (CEBN, na sigla em inglês), dom Laurent Birfuoré Dabiré, expressou a sua solidariedade ao povo de Deus em Burkina Faso, que já não participa da missa por medo de ataques jihadistas.

Em uma entrevista à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), dom Birfuoré mencionou o grande número de católicos que faltam à missa. “Nós os compreendemos e não lhes pedimos que vão além da sua coragem”, disse.

Ele confirmou relatos de que 50% do país da África ocidental está ocupado por terroristas, e muitas paróquias católicas foram abandonadas porque os seus membros se mantêm afastados por medo de ataques.

Em sua diocese, três das seis paróquias tiveram de ser abandonadas por razões de segurança, disse à ACN o bispo de Dori à ACN.

Dom Laurent disse que em Burkina Faso, o terror é dirigido contra todos os residentes do país “que não professam o mesmo islã que os jihadistas, incluindo os muçulmanos”.

Ele identificou o grupo jihadista apelidado de “Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos” como o mais notório em Burkina Faso. Segundo ele, o “objetivo real do grupo é oprimir a sociedade atual, que é uma sociedade multirreligiosa de diálogo e coexistência"

Em março do ano passado, uma delegação de dez líderes religiosos católicos e muçulmanos do Níger, Mali, Burkina Faso, Costa do Marfim e Gana visitou os legisladores dos EUA “para discutir a deterioração da situação humanitária e de segurança na região do Sahel”, informou a organização Catholic Relief Services (CRS), o braço humanitário da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês).