Na sexta-feira (16), aconteceu em Milão, Itália, o evento “A Igreja Católica e a Maçonaria”, encontro organizado por maçons do qual participaram o cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente emérito do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos; o arcebispo de Milão, dom Mario Delpini; e dom Francesco Stagliano, presidente da Pontifícia Academia de Teologia. Stefano Bisi, grão-mestre do Grande Oriente Italiano, a loja maçônica mais antiga da Itália, também esteve presente.

O encontro realizado na sede da Fundação Cultural Ambrosianum visava estabelecer um diálogo direto entre a maçonaria e a Igreja Católica.

Segundo os organizadores, seria “um encontro que pode ser definido como histórico e no qual será abordada a secular e complexa relação entre a Igreja católica e a maçonaria”.

Em seu discurso intitulado “A Maçonaria entre Ratzinger e Bergoglio”, publicado no site da loja maçônica italiana na segunda-feira (19), Stefano Bisi disse que “ao longo de seus mais de 300 anos de vida, nenhuma instituição foi tão combatida, mistificada, difamada e temida como a Maçonaria Livre Universal.”

Referiu-se assim ao recente documento publicado pela Santa Sé no qual se reafirma que os católicos não podem pertencer à maçonaria e estão proibidos de aderir a uma loja devido à sua irreconciliabilidade  com a doutrina católica.

Embora o evento tenha ocorrido a portas fechadas, algumas declarações foram divulgadas. O cardeal Coccopalmerio expressou o seu desejo “que estes encontros não parem aqui” e até propôs estabelecer “uma mesa permanente” de diálogo entre a maçonaria e a Igreja.

La Nuova Bussola Quotidiana informou que dom Francesco Stagliano, presidente da Pontifícia Academia de Teologia, também se mostrou a favor deste diálogo “em nome da misericórdia”.

Segundo o jornal italiano, Stagliano disse que não está “interessado pela doutrina”, mas pelo acontecimento cristão, que definiu como “a manifestação em Jesus Cristo de ‘Deus que é amor, só e sempre amor’”.

O que a Igreja Católica diz sobre a maçonaria?

O Código de Direito Canônico estabelece no artigo 1.374 que “quem der o nome a uma associação, que maquine contra a Igreja, seja punido com pena justa; quem promover ou dirigir tal associação seja punido com interdito”.

Esta redação aprovada em 1983 difere da versão de 1917 em dois aspectos: a pena não é automática e a maçonaria não é explicitamente mencionada.

Diante disso, o então cardeal Joseph Ratzinger, quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé da Santa Sé, publicou a “Declaração sobre a Maçonaria”.

Este texto diz que “permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja”.

Portanto, “permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão”.