O Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé reafirmou ontem (15) que católicos não podem ser maçons.

Documento assinado pelo papa Francisco e pelo prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, dom Victor cardeal Fernández, foi escrito em resposta ao bispo de Dumaguete, Filipinas, dom Julito Cortes, que expressou preocupação com o número crescente de católicos em sua diocese que participam da maçonaria e pediu sugestões sobre como responder pastoralmente.

A resposta do dicastério, emitida na segunda (13), apela a “uma estratégia coordenada” envolvendo todos os bispos do país para promover a catequese “em todas as paróquias sobre as razões da irreconciliabilidade entre a fé católica e a maçonaria”.

Os maçons são a maior sociedade secreta mundial juramentada. A maçonaria promove ideias e rituais incompatíveis com a fé católica, incluindo o indiferentismo, ou a posição de que uma pessoa pode agradar a Deus enquanto permanece em qualquer religião, e o conceito deísta de um “Grande Arquiteto do Universo”.

O documento da Santa Sé reafirma que “aqueles que estão formal e conscientemente inscritos em Lojas Maçônicas e que abraçaram os princípios maçônicos” enquadram-se nas disposições da “Declaração sobre Associações Maçônicas” da Igreja Católica publicada em 1983 sob o pontificado de são João Paulo II.

A declaração de 1983, assinada pelo cardeal Joseph Ratzinger, futuro papa Bento XVI, quando era prefeito da então Congregação para a Doutrina da Fé, declara que os católicos que “pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão”.

O novo documento do Dicastério para a Doutrina da Fé esclarece ainda que estas medidas “também se aplicam a quaisquer clérigos inscritos na maçonaria”.

O dicastério convida os bispos nas Filipinas a considerarem fazer uma declaração pública sobre o ensinamento da Igreja sobre a maçonaria.

“A adesão à maçonaria é muito significativa nas Filipinas; envolve não apenas aqueles que estão formalmente inscritos em lojas maçônicas, mas, de forma mais geral, um grande número de simpatizantes e associados que estão pessoalmente convencidos de que não há oposição entre a adesão à Igreja Católica e às lojas maçônicas”, diz o documento do dicastério.

“No nível doutrinal, deve recordar-se que a adesão ativa à maçonaria por parte de um fiel é proibida devido à inconciliabilidade entre a doutrina católica e a maçonaria”, acrescenta.

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A proibição da maçonaria pela Igreja Católica remonta ao papa Clemente XII, que a condenou formalmente numa bula papal em 1738.

No início deste ano, a agência católica de notícias Union of Catholic Asian News informou que os católicos nas Filipinas tinham manifestado preocupações de que alguns dos participantes nas consultas diocesanas e nacionais do Sínodo da Sinodalidade eram membros da maçonaria, o que alguns relataram ter criado confusão relativamente ao ensinamento da Igreja sobre o assunto.

A Conferência dos Bispos Católicos Filipinos emitiu um esclarecimento em março declarando que os bispos nas Filipinas “sempre mantiveram e defenderam a posição católica oficial (magisterial) sobre a inaceitabilidade da maçonaria, dados os seus graves erros tanto na doutrina (princípios filosóficos) como nas práticas”.

Fernández aponta as diretrizes pastorais publicadas pela Conferência dos Bispos Filipinos em 2003 no novo documento.

O papa aprovou o documento sobre a maçonaria em uma reunião com Fernández na segunda (13). Ele está disponível no site do Santa Sé em inglês e italiano.