O pároco da catedral de São Patrício, em Nova York (EUA), disse no sábado (17) que foi celebrada uma missa de reparação depois da celebração na igreja de um funeral polêmico e irreverente para o ativista Cecilia Gentili, um homem que se identificava como mulher.

A catedral fez o funeral de Gentili na quinta-feira (15). Ele foi um ativista que ajudou a descriminalizar o trabalho sexual em Nova York, defendeu a inclusão da “identidade de gênero” como uma classe protegida nas leis de direitos humanos do Estado e levantou fundos para causas de pessoas que se identificam com o sexo oposto.

Durante a liturgia, o celebrante, padre Edward Dougherty, referiu-se a Gentili com pronomes femininos e descreveu o homem que se identificava como mulher “como nossa irmã”. Durante as orações dos fiéis, o leitor orou pelos chamados cuidados de saúde afirmativos de gênero, enquanto os participantes frequentemente se referiam a Gentili como a “mãe das prostitutas”.

No sábado, o pároco da catedral de Nova York, padre Enrique Salvo, disse em um comunicado publicado no site da arquidiocese de Nova York que as autoridades da Igreja estavam indignadas “com o comportamento escandaloso num funeral aqui” na catedral de São Patrício.

Na catedral, disse, só se sabia “que os familiares e amigos estavam pedindo uma missa fúnebre” para uma pessoa católica, e não sabiam “que o nosso acolhimento e oração seriam degradados de forma tão sacrílega e enganosa”.

“O fato de ter acontecido um escândalo na ‘Igreja Paroquial da América’ torna tudo pior; o fato de ter ocorrido no início da Quaresma, a luta anual de quarenta dias contra as forças do pecado e das trevas, é um poderoso lembrete de quanto precisamos da oração, da reparação, do arrependimento, da graça e da misericórdia a que esta época santa nos convida", escreveu o padre.

“Sob a orientação do cardeal [Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque], oferecemos uma missa de reparação apropriada”, disse o padre Salvo.

Vários meios de comunicação social apresentaram o evento como um acontecimento importante e um sinal de que a Igreja Católica está mudando a sua doutrina – ou pelo menos o seu tom – sobre a sexualidade e a antropologia humana.

A revista Time disse que o fato de se fazer um funeral para um ativista LGBT numa catedral católica “não é pouca coisa”. The New York Times descreveu o funeral como “uma peça exuberante de teatro político”.

Os organizadores não informaram à catedral que Gentili, que morreu em 6 de fevereiro aos 52 anos, era um homem que se identificava como mulher.

“Eu mantive isso em segredo”, disse a organizadora do funeral, Ceyeye Doroshow, a The New York Times.