Em uma derrota significativa para o projeto do Caminho Sinodal na Alemanha, a Conferência Episcopal Alemã não votará um passo em direção a um "Conselho Sinodal" proibido em sua próxima assembleia plenária a pedido da Santa Sé.

O porta-voz da Conferência Episcopal Alemã (DBK, na sigla em inglês), Matthias Kopp, confirmou ontem (17) que a DBK retirou da pauta da agenda de sua reunião de 19 a 22 de fevereiro em Augsburgo uma votação sobre a aprovação de um comitê que prepara o Conselho Sinodal, um corpo misto de leigos e bispos que governaria a Igreja na Alemanha.

Isso ocorre depois da DBK receber uma carta da Santa Sé no mesmo dia.

"Esta carta solicita que a Assembleia Geral - também devido às próximas discussões entre representantes da Cúria Romana e representantes da Conferência Episcopal Alemã - não vote os estatutos do Comitê Sinodal", disse Kopp à Agência Católica de Notícias da Alemanha (KNA, na sigla em alemão).

Embora não estivesse explicitamente na agenda publicamente disponível da assembleia da DBK, uma votação sobre a aprovação da comissão que prepara o Conselho Sinodal era amplamente esperada para ocorrer em Augsburgo.

O co-patrocinador do Caminho Sinodal da DBK, o Comitê Central do lobby leigo católico alemão (ZdK, na sigla em alemão), já havia aprovado os estatutos do comitê preparatório em 25 de novembro de 2023 e vai provavelmente criticar duramente os bispos por não seguirem o exemplo.

A retirada da votação do comitê sinodal da agenda dos bispos marca talvez a primeira vez que a pressão da Santa Sé fez com que a DBK se recusasse a avançar com uma prioridade do Caminho Sinodal desde que o suposto esforço de reforma começou em 2019.

De todas as prioridades do Caminho Sinodal, a Santa Sé tem sido particularmente crítica em relação ao Conselho Sinodal. Em janeiro de 2023, os chefes de três dicastérios da Santa Sé escreveram à DBK criticando o concílio proposto como incompatível com a eclesiologia católica, enfatizando que nem os bispos nem o Caminho Sinodal tinham qualquer autoridade para estabelecê-lo.

Mais recentemente, o papa Francisco escreveu uma carta privada a quatro leigas católicas alemãs descrevendo o comitê preparatório, e não apenas o Conselho Sinodal, como um dos "inúmeros passos que estão sendo dados por segmentos significativos" da Igreja na Alemanha "que ameaçam afastá-la cada vez mais do caminho comum da Igreja universal".

O comitê, que reivindica os 27 bispos ordinários da Alemanha entre seus membros, realizou sua primeira reunião em 10 e 11 de novembro de 2023, mas oito bispos estavam ausentes, com quatro deles rejeitando o comitê totalmente.

Esses quatro bispos - o arcebispo de Colônia, o cardeal Rainer Woelki; o bispo de Passau, Stefan Oster; o bispo de Rastibona, Rudolf Voderholzer, de Ratisbona, e o bispo de Eichstätt, Gregor Hanke - também haviam votado em junho para bloquear o financiamento para o comitê de um fundo interdiocesano comum.

Como indicado na carta da Santa Sé, espera-se que os representantes da DBK e da Cúria Romana continuem sua série de reuniões sobre o Caminho Sinodal. A primeira ocorreu em julho de 2023, em Roma, e os bispos alemães participantes da assembleia do Sínodo da Sinodalidade de outubro de 2023 também se reuniram com a liderança da Santa Sé na época.

Em uma conversa com o siteNational Catholic Register na semana passada, Kopp não confirmou que os representantes da DBK e a Santa Sé se reuniram em janeiro, como foi divulgado anteriormente, mas revelou que mais reuniões entre as duas partes devem ocorrer.