O número de brasileiros que se declara contra a legalização do aborto cresceu. Agora são 61% da população segundo pesquisa PoderData, divulgada no dia 3 de fevereiro.

A PoderData faz a pesquisa desde 2021, quando 58% dos brasileiros se declararam contra a liberação do aborto. Em janeiro de 2022 a taxa caiu para 55%. Subiu para 59% em maio do mesmo ano e agora, subiu dois pontos percentuais. A pesquisa também mostrou que 24% dos brasileiros se declaram a favor da descriminalização do aborto no país, taxa que era de 31% em 2021.

O levantamento foi feito entre os dias de 27 a 29 de janeiro deste ano em 229 municípios nos 26 Estados e no Distrito Federal por telefone. Segundo o PoderData “O intervalo de confiança do estudo é de 95%” e “a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos”.

Para o deputado federal professor Paulo Fernando (Republicanos-DF), “há muito tempo que a grande parcela da sociedade” é contrária a legalização do aborto “quer pela sua formação cristã, quer também pela nossa tradição”

“Isso reforça a nossa tese de que os nossos parlamentares devem espelhar a vontade do povo brasileiro que eles representam”, disse o parlamentar à ACI Digital. “Portanto, creio que mais uma vez, com essa nova pesquisa, se reforça a tese que a proposta do aborto não passará pelo parlamento brasileiro”.

Para a deputada federal Chris Tonietto (PL-RJ) “esse tipo de pesquisa serve para sensibilizar e conscientizar a população e aqueles que até então não tomaram um posicionamento por medo de sofrerem algum tipo de preconceito”. Ela ressaltou a ACI Digital que, “mais importante do que isso, serve como instrumento de consulta para os parlamentares tomarem suas ações em prol da defesa da vida”.

“Infelizmente contamos com uma ‘minoria barulhenta’, que é bem organizada e ativista”, disse Tonietto. “Contudo, nos últimos anos temos visto um levante das pessoas que são contra o aborto. Um exemplo disso é a pressão que foi exercida por populares junto ao Congresso Nacional. Recebemos milhares de e-mails cobrando aos parlamentares que assinassem o Requerimento de Urgência do Estatuto do Nascituro. Outro feliz exemplo foi a pressão contra a ADPF 442, não somente no ano passado, mas ao longo dos anos de 2017 e 2018”, declarou a parlamentar.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, impetrada pelo Partido Socialismo e Liberdade pede a descriminalização do aborto no Brasil até a 12ª semana de gestação.

A pesquisa do Poder 360 mostrou que, mesmo entre os que aprovam o governo Lula, a maioria é contra a descriminalização do aborto: 55%. Entre a parcela da população crítica ao governo do presidente: 68% são contrários ao aborto no país e apenas 16% são favoráveis.

A presidente do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto, Lenise Garcia, chama a atenção para o fato de que em todos recortes feitos pela pesquisa, o número de pessoas contrárias ao aborto é maioria. “A maioria entre os jovens, entre as mulheres, entre as pessoas que são favoráveis ao Lula”, observou Garcia à ACI Digital, “independentemente do critério adotado”.

Outro dado do levantamento mostra que, 64% dos homens e 59% das mulheres são contra a legalização do aborto. E apenas 24% dos homens e 25% das mulheres são favoráveis. A grande maioria das pessoas que defendem a vida do nascituro são idosos a partir dos 60 anos, com 66%, e jovens de 16 a 24 anos, com 61%.  As regiões brasileiras em que a rejeição ao aborto é maior são o Sul e o Nordeste, ambas com 64%. As regiões com menores índices são o Centro-Oeste e o Norte, com 55%.

O coordenador do Movimento pela Vida e da Marcha pela Vida de Fortaleza (CE), Fabiano Farias disse à ACI Digital que “o percentual” da pesquisa “é muito satisfatório”.

Ele exortou essa maioria a participar “na hora das grandes mobilizações” nas ruas “para estar realmente fazendo frente” a todas as outras ações contrárias à defesa da vida.

“Essas pessoas que realmente se dizem contra o aborto precisam estar dispostas também, a não só apenas responder a uma pesquisa, mas agir, agir realmente quando houver a necessidade de ir às ruas, de ir para as redes sociais, de fazer realmente essa sensibilização na sua casa, no seu bairro, na sua cidade, juntamente com os movimentos pró-vida. Precisamos fazer com que esse percentual ele realmente aconteça, ele saia do papel”, disse Farias.

Para o presidente da Associação Nacional Pró-vida e Pró-família de Brasília (DF), André Said, “não deixa de ser admirável o crescimento da rejeição” ao aborto, “tendo em vista a continuidade do milionário investimento internacional - com movimentações internas - para que esta prática seja legalizada no Brasil”.

Said apontou “três fatores principais” para o “crescimento” em defesa da vida: “A oração”, “a resiliência e o aumento dos grupos pró-vida no Brasil” e “a ciência e a evolução tecnológica, que têm permitido uma clareza cada vez maior sobre o desenvolvimento humano intrauterino”.