Os desenhos animados e os filmes infantis não são inofensivos. Muitos deles contrabandeiam ideologia de gênero e sexualização das crianças. A deputada federal Amália Barros (PL-MT) em suas redes sociais no dia 16 de janeiro mostrou “um exemplo claro” da promoção da “linguagem neutra e a ideologia de gênero entre crianças” no desenho infantil Ridley Jones: A Guardiã do Museu.

No desenho, o personagem Fred diz a avó que seu “coração está dizendo” que se sente “mais à vontade usando o nome Fred” e explica: “é porque eu não sou binário e Fred é o nome que se encaixa melhor. E eu também uso Ili e Dili, porque me chamar de ela ou de ele não parece certo pra mim”.

Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher. Em vez de dois polos, a ideologia de gênero acha que existe uma gama de variações, por isso o arco-íris foi escolhido como símbolo. "Não-binária" é um termo criado pela teoria de gênero para designar uma pessoa que não se considera homem nem mulher.

A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. «Ser homem», «ser mulher» é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, «à imagem de Deus». No seu «ser homem» e no seu «ser mulher», refletem a sabedoria e a bondade do Criador”.

O doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Malheiro disse a ACI Digital que “as ideologias são inseridas de forma subliminar, de maneira que a criança não perceba de forma evidente, mas aos poucos comece a pensar ou agir como determinado personagem que ele gosta”.

Malheiro cita exemplos, como "O Incrível Mundo de Gumball", desenho infantil da Cartoon Network. “Em um dos episódios, o personagem principal encontra seu amigo, que é um balão, no banheiro da escola”, diz o educador. “O balão está meio triste, murcho, e faz uma espécie de chantagem emocional para que o outro o assopre, ou seja, encha o balão. A abertura do balão que deve ser soprada pelo amigo fica na região das genitálias. A cena termina com os dois saindo juntos do banheiro e o balão com cara de satisfeito”.

“Em um trecho da série da Disney Baymax, uma mulher transexual, portando a bandeira do movimento trans, junta-se ao grupo para explicar qual tipo de absorvente é de sua preferência”, diz Malheiro. “Trans” é o termo usado pela ideologia de gênero para pessoas que se identificam como pertencentes ao sexo oposto e que podem ou não ter feito procedimentos médicos para aumentar essa identificação.

“A Disney também apresentou uma criança transexual em um dos episódios da série Projeto Herói”, diz Malheiro. “A criança nasceu garoto, mas passou a se identificar como garota aos oito anos de idade”.

Disney e a Pixar lançaram no ano passado Elementos, primeiro filme com um personagem “não-binário”. O personagem se chama Lake Ripple e é dublado pela atriz de 22 anos, Kai Ava Hauser, que também se considera “não-binária”. Lake Ripple é o irmão mais novo de Wade, que é água, um dos personagens principais da trama que terá uma amizade com Ember, que é fogo. A história se passa na Elemento, onde os habitantes do fogo, da água, da terra e do ar vivem em harmonia, segundo a Disney, mas com uma lei: “os elementos não se misturam”. Wade e Ember querem mudar isso.

Malheiro lista quatro riscos desses desenhos para as crianças: a erotização precoce, a alienação, a dificuldade de socialização e o distanciamento do mundo transcendental.

A erotização precoce pode gerar “ideias, comportamentos, palavreados (palavrões), atitudes, mimetismo, esvaziamento do significado da vida sexual”, diz o educador. Para ele, “é preciso ter a mesma preocupação que existe pela ecologia com a ecologia sexual, dando um significado para cada gesto que se costuma usar na demonstração de afeição e amor, mostrando que existe uma gradação nesses gestos”.

Para o educador, “a exposição às telas e mais ainda ao conteúdo impróprio (erotização e violência) deixa as crianças mais dispersas, desatentas e superficiais”, tornando-as mais “alienadas”. Isso dificulta a socialização, deixando as crianças “meio cegas para as necessidades dos demais e com um desinteresse pelo outro”.

Por fim, pode também pode distanciar do mundo transcendental.

“A oração é a elevação da alma a Deus. Quando se fica muito condicionado e dependente do mundo material, não se consegue chegar ao mundo das ideias (fica-se com a alma adormecida) e muito menos ao mundo do Espírito, no qual se dão as boas relações sociais, relações personalizadas e a relação com Deus”, disse Malheiro.

O educador adverte que os pais “não devem estar atentos somente a detalhes, mas ao conteúdo explícito de erotização da criança de forma muito antecipada à sua idade e à ideologia de gênero, naturalizando essas questões de gênero” e “não devem permitir” que os filhos assistam sozinhos “esses desenhos sem antes terem dado o aval que está de acordo com os princípios da família”.

O aspecto mais importante a que os pais devem estar atentos atualmente são os “novos modelos de família que não sejam um pai e uma mãe” e os “casos de namoro entre meninas com meninas e meninos com meninos”, disse ele.

O educador ainda alerta aos pais que tenham “cuidado com os desenhos mais recentes”, pois “muitos deles colocam subliminarmente ideologias de gênero e, principalmente, personagens masculinos meio afeminados”.

“Avatar: a Lenda de Korra”, continuação da série Avatar, tem uma personagem principal lésbica.

Na nova franquia Scobby-Doo's, a personagem Velma é apresentada como lésbica e os personagens masculinos são mostrados como idiotas.

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Malheiro indica critérios para que os pais alertem os filhos sobre o que assistem. “Até os sete anos de idade, devem selecionar alguns desenhos preferidos da família e passá-los muitas vezes e não permitir exceções. Depois dessa idade, devem começar a dar critérios de que alguns desenhos são feios e maus e não devem assistir sem antes perguntarem se podem. Ao chegar na pré-adolescência, devem ter uma conversa mais clara sobre a importância de defender e viver a própria sexualidade como um elemento importante da sua personalidade, que foi feita para amar e realizar um grande projeto na vida”.