A igreja dominicana de Nossa Senhora da Hora, uma das mais emblemáticas de Mossul, norte do Iraque, foi totalmente restaurada depois da destruição causada pelo Estado Islâmico há dez anos.

 

Em suas redes sociais, o padre Olivier Poquillon, diretor da Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém, publicou no dia 1º de janeiro algumas fotos do templo reconstruído com a colaboração da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Por ocasião da Solenidade de Maria Mãe de Deus, os dominicanos do Iraque celebraram uma missa pela paz na igreja, foi a primeira desde a sua destruição. A missa foi rezada pelo padre Gerard Francisco Timoner, superior-geral da Ordem Dominicana, na presença de vários frades e fiéis num clima de alegria e esperança.

 

A Igreja de Nossa Senhora da Hora, cujo nome oficial em árabe é al-Saa'a, foi fundada em 1873 como centro da presença dominicana no Iraque.

Foi também um importante centro cultural e acadêmico, incluindo a primeira escola para meninas e a primeira gráfica no Iraque.

Fica na cidade velha de Mosul, um bairro histórico que se caracterizava por fortes relações entre diversas culturas e religiões, como cristãos, yazidis, muçulmanos sunitas e xiitas, bem como árabes, caldeus e curdos, esta igreja foi um espaço de diálogo promovido pelos frades dominicanos.

No entanto, este delicado equilíbrio foi perturbado com a invasão e ocupação da cidade por terroristas do Estado Islâmico no verão de 2014. A igreja, como grande parte do centro histórico de Mossul, sofreu destruição causada por jihadistas e confrontos durante a ofensiva do exército iraquiano para recuperar a cidade.

A igreja tornou-se um armazém de armas e um campo de tortura. Seu conteúdo arqueológico foi roubado, inclusive seu famoso relógio, presente da esposa do imperador Napoleão III aos padres dominicanos da cidade.

A destruição do templo não foi apenas uma tragédia arquitetônica, mas também afetou negativamente todos os moradores de Mossul, muçulmanos e cristãos, pois perderam um importante símbolo da história e identidade da cidade.

Em abril de 2020, a UNESCO fez trabalhos de restauração na igreja e na cidade antiga de Mossul. Nesta tarefa, os dominicanos estiveram ativamente envolvidos, para que a reconstrução não se limitasse só aos aspectos materiais, mas também contribuísse para restabelecer os laços entre as diversas comunidades culturais e religiosas.