Na mensagem de Natal dada pelo papa Francisco hoje (25) da sacada central da Basílica de São Pedro, ele convidou os fiéis a descobrir a alegria da chegada de Jesus, que nasceu em Belém como “uma chama inextinguível no meio das trevas do mundo”.

Diante dos milhares de fiéis que ouviam as suas palavras na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa disse que as palavras do anjo no céu de Belém também hoje “são dirigidas a nós”.

“Enche-nos de confiança e esperança saber que o Senhor nasceu para nós”, disse o papa, acrescentando que “esta é a notícia que muda o curso da história” e que traz a verdadeira alegria, que não é a “felicidade passageira do mundo”, “nem a alegria da diversão”, mas uma “grande alegria”, porque nos faz “grandes”.

Cristo nasceu para ti!

Hoje “abraçamos a certeza duma esperança inaudita: a esperança de termos nascido para o Céu”, disse ele. “Hoje em Belém, por entre as trevas da terra, acendeu-se esta chama inextinguível; hoje, sobre as trevas do mundo, prevalece a luz de Deus”.

“Alegremo-nos por esta graça! Alegra-te, tu que te vês falho de confiança e de certezas, porque não estás sozinho, não estás sozinha: Cristo nasceu para ti! Alegra-te, tu que perdeste a esperança, porque Deus te estende a mão: não aponta o dedo contra ti, mas oferece-te a sua mãozinha de Menino para te libertar dos medos, aliviar-te das canseiras e mostrar-te que, aos olhos d’Ele, vales mais do que qualquer outra coisa”.

“Os pequeninos Jesus de hoje”

Francisco lamentou as “matanças de inocentes no mundo”, como as que ocorrem “no ventre materno, nas rotas dos desesperados à procura de esperança, nas vidas de muitas crianças cuja infância é devastada pela guerra”.

Lembrou também das crianças cuja infância foi destruída pelas guerras e garantiu que “são os pequeninos Jesus de hoje”.

“A guerra é uma loucura sem desculpas”

Para o papa Francisco, dizer “sim” ao Príncipe da Paz significa dizer “não” à guerra, à qual ele se referiu como “uma viagem sem destino, uma derrota sem vencedores, uma loucura indesculpável. Mas, para dizer ‘não’ à guerra, é preciso dizer ‘não’ às armas”.

Francisco lamentou que hoje prevaleçam “a hipocrisia e o escondimento” e defendeu que “o povo, que não quer armas mas pão, que tem dificuldade em acudir às despesas quotidianas, ignora quanto dinheiro público é destinado a armamentos”.

“E, contudo, devia sabê-lo! Fale-se disto, escreva-se sobre isto, para que se conheçam os interesses e os lucros que movem os cordelinhos das guerras”, pediu o papa Francisco.

Que seja encontrada uma solução para a questão palestina”

Francisco pediu que a paz chegue a todas as áreas de conflito. Em primeiro lugar, pediu por Israel e pela Palestina e garantiu “abraçar” ambos.

“Em particular às comunidades cristãs de Gaza – à paróquia de Gaza – e de toda a Terra Santa. Trago no coração a dor pelas vítimas do execrável atentado de 7 de outubro passado, e renovo um premente apelo pela libertação de quantos se encontram ainda reféns”.

Francisco exortou “que cessem as operações militares, com o seu espaventoso rasto de vítimas civis inocentes, que se ponha remédio à desesperada situação humanitária, possibilitando a entrada das ajudas”.

“Não se continue a alimentar violência e ódio”, continuou o papa, “mas avance-se no sentido duma solução para a questão palestiniana, através dum diálogo sincero e perseverante entre as Partes, sustentado por uma forte vontade política e pelo apoio da comunidade internacional".

O papa Francisco recordou também a população da “atribulada Síria, bem como a do Iémen, mergulhada no sofrimento. Penso no amado povo libanês e rezo para que possa recuperar em breve a estabilidade política e social”.

Ele também citou a Ucrânia e apelou à paz entre a Armênia e o Azerbaijão, bem como nas regiões do Sahel, Corno de África e Sudão, bem como nos Camarões, na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul.

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Finalmente, o papa Francisco voltou o seu olhar para a península coreana e apelou à abertura de caminhos de diálogo e reconciliação que possam criar as condições para uma paz duradoura.

“O Filho de Deus, feito humilde Menino, inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade do continente americano para se encontrarem soluções idóneas a fim de superar os dissídios sociais e políticos, lutar contra as formas de pobreza que ofendem a dignidade das pessoas, aplanar as desigualdades e enfrentar o doloroso fenómeno das migrações”, continuou.

“A voz de quem não tem voz”

O papa Francisco disse que, reclinado no presépio, o Menino “pede-nos para sermos voz de quem não tem voz: a voz dos inocentes, que morreram por falta de água e pão; voz de quantos não conseguem encontrar emprego ou que o perderam; voz de quem é constrangido a abandonar a sua terra natal à procura dum futuro melhor, arriscando a vida em viagens extenuantes e à mercê de traficantes sem escrúpulos”.

Ele também lembrou que o Jubileu começa em 2025 e pediu que “este período de preparação seja ocasião para converter o coração; para dizer ‘não’ à guerra e ‘sim’ à paz; responder com alegria ao convite do Senhor que nos chama”.

Para concluir, o papa convidou a acolher e a abrir o coração a Jesus, “que é o Príncipe da Paz”.