O bispo de Orihuela-Alicante, José Ignacio Munilla, refletiu sobre a declaração Fiducia supplicans do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre a bênção de pessoas homossexuais.

Numa entrevista publicada por Religión en Libertad, Munilla disse que o texto assinado pelo prefeito da Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, e pelo papa Francisco "não afirma nada que seja contra a fé da Igreja".

Para ele, "a acusação de heresia" que alguns fizeram sobre o texto "não tem fundamento objetivo no texto", embora ele entenda que "essa declaração não era necessária", pois há outra do ano de 2021, também endossada pelo papa Francisco, que "não era de forma alguma contrária aos sinais da caridade pastoral" em relação às pessoas homossexuais.

Munilla também disse que é necessário combater a ideia, defendida por outros setores, de que a Fiducia supplicans implica uma mudança na moral da Igreja Católica que é "substancialmente irreformável (incluindo, é claro, a doutrina sobre a homossexualidade)".

Ele denunciou que "setores que estão em dissidência aberta com a moral sexual da Igreja estão aplaudindo essa declaração, ao mesmo tempo em que a desobedecem" ao defender bênçãos públicas de uniões homossexuais.

Dom Munilla citou o caso do jesuíta James Martin e das bênçãos públicas de homossexuais organizadas na Alemanha e na Bélgica.

Munilla adverte sobre como essa declaração será colocada em prática, o que, segundo ele, será "previsivelmente caótico, como já estamos começando a ver. Será nosso dever lutar contra isso".

Ele também disse que essas aplicações serão "não apenas diversas, mas contraditórias, como já está sendo sugerido nas primeiras avaliações".

Como abençoar uniões do mesmo sexo conforme a doutrina

A declaração Fiducia supplicans proíbe as bênçãos litúrgicas, mas permite bênçãos pastorais privadas para pessoas que vivem em situações irregulares e objetivas de pecado.

Dom Munilla destacou que é "necessário conhecer o contexto e a formulação" das bênçãos.

Assim, continuou, "não estaria em conformidade com a fé da Igreja" a bênção que "pelo contexto ou pelas palavras usadas, sugerisse a legitimação da união irregular", já que os gestos pastorais não podem ter como objetivo "fazer com que todos se sintam cômodos, mas sim chamar à conversão".

"Caso contrário, estaríamos traindo o evangelho de Jesus Cristo", acrescentou.

 

Então, como podemos abençoar segundo a doutrina? Munilla disse que "não haveria problema algum em fazer uma bênção, feita na intimidade do acompanhamento pastoral, com uma formulação nos seguintes termos:

Senhor, abençoe seus filhos N e N e conceda-lhes continuar caminhando em humildade, para que, ao mesmo tempo em que reconheçam seus dons, também reconheçam que a união deles não está de acordo com seus desígnios. Derrame sua graça sobre eles para que sejam coerentes em suas vidas e aceitem com decisão e coragem seu chamado à conversão. Amém.