A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reafirmou hoje (11), através de uma nota que é “contrária à legalização dos jogos de azar no Brasil”, tema que o Senado pretende recolocar “em pauta, para possível votação”, afirmou a CNBB.

A nota foi assinada pelo arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler; pelo arcebispo de Goiânia (GO) e 1º vice-presidente da CNBB, dom João Justino de Medeiros da Silva; pelo arcebispo de Olinda e Recife (PE) e 2º vice-presidente da CNBB, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa e pelo bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers.

Para a Conferência, “o voto favorável ao jogo será, na prática, um voto de desprezo à vida, à família e a seus valores fundamentais”. “O Brasil não precisa disso”, exclama a nota.

Os bispos lembraram que, “no dia 1º de fevereiro de 2022”, a CNBB lançou “uma nota oficial, na ocasião em que a Câmara dos Deputados havia aprovado, com urgência”, o Projeto de Lei 442/91, de autoria do deputado federal Renato Vianna (PMDB-SC).  E reiterou que “esta liberação aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica seguem a repudiante tese de que os fins justificam os meios”.

“Esses falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. Diversas instituições de Estado têm alertado que os cassinos podem facilmente transformar-se em instrumentos para que recursos provenientes de atividades criminosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas”.

Segundo o Catecismo da Igreja católica nº 2413,Os jogos de azar (jogo de cartas, etc.) e as apostas não são, em si mesmos, contrários à justiça. Mas tornam-se moralmente inaceitáveis, quando privam a pessoa do que lhe é necessário para as suas necessidades e as de outrem”, pois “a paixão do jogo pode tornar-se uma grave servidão” e “apostar injustamente ou fazer batota nos jogos constitui matéria grave, a menos que o prejuízo causado seja tão leve que quem o sofre não possa razoavelmente considerá-lo significativo”.

A presidência da CNBB ressaltou que “por razões éticas e evangélicas”, cabe a eles “alertar que o jogo de azar traz consigo irreparáveis prejuízos morais, sociais e, particularmente, familiares” e “o jogo compulsivo é considerado uma patologia no Código Internacional de Doenças, da Organização Mundial de Saúde”.

“O sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face mais perversa na pessoa que sofre dessa compulsão. Por motivos patológicos, esta pessoa acaba por desprezar a própria vida, desperdiçar seus bens e de seus familiares, destruindo assim sua família. Enquanto isso, as organizações que têm o jogo como negócio prosperam e seus proprietários se tornam cada vez mais ricos. A autorização do jogo não o tornará bom e honesto”, disse a CNBB.

“A CNBB, portanto, reafirma a rejeição a este Projeto de Lei e a qualquer outra iniciativa que pretenda regularizar os jogos de azar no Brasil”, declarou.