O santuário santa Rita de Cássia em Curitiba (PR) inaugura hoje (22) a Capela da Relíquia, para abrigar um fragmento de osso de santa Rita. No santuário das rosas, como também é conhecido, a relíquia de primeiro grau ficará exposta permanentemente aos devotos. A cerimônia de inauguração inicia às 19h, com uma missa solene celebrada pelo bispo auxiliar de Curitiba, dom Reginei Modolo.

O pároco e reitor do santuário, padre Maicon Frasson disse que o propósito da criação desta capela “com a exposição da relíquia de primeiro grau é permitir uma proximidade ainda maior do público com santa Rita e uma oportunidade para os devotos agradecerem e pedirem sua intercessão todos os dias”.

A Capela da Relíquia foi elaborada pelo projetista, João Zabel e tem um mosaico desenhado pela artista plástica Inês Grisotto com símbolos que remetem a vida de santa Rita, como abelhas brancas, rosas e figo.

A biografia da santa conta que, poucos dias depois do batismo de Rita, seus pais saíram para trabalhar e a colocaram em um cestinho à sombra das árvores. Um enxame de abelhas brancas cobriu a criança, e muitas delas estavam depositando mel em sua boca, sem a ferroar. Um lavrador que estava perto se feriu com uma foice e caminhando para Cássia, para receber cuidados médicos na cidade, passou perto da criança. Ele tentou afugentar o enxame, quando de repente, sua mão parou de sangrar e o ferimento se fechou. Quando Rita foi para o mosteiro de Cássia, as abelhas ficavam nas paredes do jardim interno. Segundo o convento Agostiniano em Cássia, na Itália, ainda hoje, um enxame de abelhas brancas, sem ferrão, fica perto do muro da igreja e, através de um pequeno orifício, voa até o tumulo de Rita.

Um dia, uma amiga de Rita foi visitá-la no convento em pleno inverno, e ao se despedir perguntou se ela gostaria que trouxesse algo de sua antiga casa. Rita disse que queria uma rosa e dois figos. Como era inverno, a amiga pensou que Rita estivesse delirando, mas prometeu trazê-los. Chegando à antiga casa de Rita, viu no jardim uma linda rosa es figos maduros.

Segundo padre Maicon, a edificação da capela teve a ajuda financeira de 1.120 famílias que participaram. “Essas famílias colaboraram com valores diversos e tiveram seus nomes gravados nas paredes que dão sustentação ao mosaico da nova capela e ficarão eternizadas em nosso santuário”, contou.

A relíquia de primeiro grau da padroeira das causas impossíveis é certificada pela Santa Sé e está no santuário desde 2017. Segundo o reitor, o fragmento de osso era de um sacerdote que atuou no santuário. Depois da morte dele, “a família resolveu doar o relicário à paróquia para que pudesse ser exposto, permanecendo próximo aos devotos”. O santuário também tem uma relíquia de segundo grau: um fragmento de veste usada por santa Rita.

Santa Rita de Cássia, popularmente conhecida como a padroeira das causas impossíveis, protetora das viúvas e santa das rosas nasceu em 1381, em Roccaporena, perto de Cássia, Úmbria, Itália. Queria ser freira, mas por obediência aos pais casou-se por volta de 1385 com Paulo de Ferdinando de Mancino e teve dois filhos. Ela sofreu muito com o marido, mas ao longo do tempo, com suas orações e bondade ele se converteu. Depois disso, seu marido foi assassinado por facções políticas da época. Temendo que os filhos vingassem a morte do pai, suplicou a Deus que os levasse desta vida antes de cometerem este pecado e pouco tempo depois eles morreram.

Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade. Depois foi aceita no convento Agostiniano, em Cássia. Ela morreu aso 76 anos, no dia 22 de maio de 1457. Vários milagres aconteceram através de sua intercessão, e a devoção a ela cresceu ao redor do mudo. O corpo de santa Rita encontra-se incorrupto por vários séculos, e às vezes é possível sentir uma doce fragrância. Na cerimônia de beatificação, em 1627 o corpo dela elevou-se e abriu os olhos. Em 2000, durante o encontro com os peregrinos e devotos de santa Rita, papa são João Paulo II disse “uma mensagem que emerge” de santa Rita é “a humildade e obediência”, via pela qual ela “caminhou para uma semelhança sempre mais perfeita ao Crucificado”.

“O estigma que brilha na sua testa é a autenticação da sua maturidade cristã. Na Cruz com Jesus, ela de certo modo formou-se naquele amor, que tinha já conhecido e expresso de maneira heroica entre as paredes de casa e na participação nas vicissitudes da sua cidade. Seguindo a espiritualidade de Santo Agostinho, fez-se discípula do Crucificado e, "perita no sofrer", aprendeu a entender os sofrimentos do coração humano. Rita tornou-se assim advogada dos pobres e dos desesperados, obtendo para quem a tenha invocado nas mais diversas situações inúmeras graças de consolação e de conforto”, ressaltou o papa na época.