Antes da oração do Ângelus hoje (19) na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco encorajou os fiéis a confiar em Deus e a nunca ter medo dele.

O papa refletiu sobre o evangelho deste domingo sobre a parábola dos talentos (Mt 25,14-30), na qual um servo esconde os que lhe foram dados pelo seu senhor, enquanto outros dobram o que receberam. Francisco disse que com esta passagem “podemos aprender duas maneiras diferentes de nos aproximarmos de Deus”.

“A primeira forma é aquela daquele que enterra o talento recebido, que não sabe ver as suas riquezas dadas por Deus: ele não confia nem no patrão, nem em si mesmo. De fato, ele diz ao seu mestre: ‘Eu sabia que és exigente, que colhes onde não semeias e recolhes onde não espalhas’ (v. 24). Ele sente medo dele, não vê a estima, não vê a confiança que o senhor deposita nele, mas vê somente o agir de um patrão que exige mais do que dá, de um juiz”, disse o papa.

“Esta é a sua imagem de Deus: não consegue acreditar na sua bondade, não consegue acreditar na bondade do Senhor em relação a nós. Por isso fica bloqueado e não se deixa envolver na missão recebida”, disse o papa Francisco.

Quanto à segunda forma, Francisco disse que estes dois servos “retribuem a confiança do seu senhor, confiando por sua vez nele.Esses dois investem tudo o que receberam, mesmo que inicialmente não saibam se tudo irá correr bem: estudam, veem as possibilidades e prudencialmente buscam o melhor; aceitam o risco de se envolverem. Confiam, estudam e arriscam. Assim, têm a coragem de agir com liberdade, de forma criativa, gerando nova riqueza”.

“Irmãos e irmãs, aqui está o dilema que temos diante de Deus: medo ou confiança. Ou tens medo diante de Deus ou tens confiança no Senhor”, disse Francisco.

Como os protagonistas da parábola, continuou o papa, “também nós – todos nós – recebemos talentos, todos, muito mais preciosos que o dinheiro. Mas muito do modo como os investimos depende da nossa confiança no Senhor, que liberta o coração, nos torna ativos e criativos na prática do bem”.

“Recordemos: o medo paralisa, a confiança liberta. E isto também se aplica à educação dos filhos. E perguntemo-nos: acredito que Deus é Pai e me confia dons porque confia em mim? E eu, confio n'Ele a ponto de me lançar sem desanimar, mesmo quando os resultados não são certos nem óbvios?”.

“Sei dizer a cada dia na oração: ‘Senhor, eu confio em Ti, dá-me forças para seguir em frente: confio em Ti, nas coisas que me deste. Deixe-me saber como, como levá-las em frente...'”, continuou o papa.

Por fim, disse, “como Igreja: cultivamos em nossos ambientes um clima de confiança e de estima recíproca, que nos ajuda a seguir em frente  juntos, que desbloqueia as pessoas e estimula a criatividade do amor em todos? Pensemos nisso”.

“Que a Virgem Maria nos ajude a superar o medo e a confiar em Deus - nunca ter medo de Deus! Temor sim, medo não - e a confiar no Senhor”, concluiu.