Adriano Müller, de 63 anos, é filho do padre Paulo Müller, 87 anos, ambos da diocese de Novo Hamburgo (RS). Na quarta-feira (15), Adriano foi ordenado diácono permanente, em missa celebrada na catedral São Luiz Gonzaga, na presença de seu pai. “Todos os dias são iluminados por Deus, mas nesse, o Espírito Santo irradiava”, disse o diácono à ACI Digital. “O pai está muito feliz. No dia ele era completa felicidade, tanto que até lágrimas escorreram dos nossos olhos”, acrescentou.

O padre Paulo Müller foi casado e teve quatro filhos. “Fomos batizados, crismados, eu casei na Igreja Católica há 42 anos”, contou Adriano. Mas, “a dificuldade veio quando a mãe faleceu em dezembro de 1988, a casa caiu e a primeira pergunta foi: ‘O que faremos, Senhor? Como faremos sem a nossa mãe?’. O pai ficou muito triste”.

Na época, Paulo Müller era ministro extraordinário da Eucaristia. “Um dia, ele chegou e disse: ‘Filho, vou estudar para ser diácono’. Eu disse: ‘Que bom, pai, vai preencher ainda mais seu coração com Jesus’”, recordou o diácono. Tempos depois, Paulo Müller voltou a conversar com os filhos e disse que gostaria de ser sacerdote. “Para mim, foi o máximo, ter um pai padre, isso é incomum”, disse Adriano.

Em 2 de junho de 1995, Paulo Müller foi ordenado padre da diocese de Novo Hamburgo. Atualmente, ele reside na catedral São Luiz Gonzaga.

Adriano contou que ele próprio seguiu “amadurecendo como pessoa e cada vez mais na fé”. “E um dia Jesus tocou o meu coração, não que Ele não estivesse comigo porque Ele sempre esteve comigo, mas me chamou para uma missão com mais responsabilidade, ser ministro extraordinário da Eucaristia”, disse. 

Adriano atuou como ministro extraordinário da Eucaristia por 16 anos. “E, novamente, senti que tinha cumprido minha missão como ministro e poderia me dar um pouco mais na caridade”, disse. Em 2018, pediu para ser diácono permanente, foi aceito e ingressou na escola diaconal. “Depois, veio a pandemia e deu aquela esfriada no mundo todo, mas continuamos perseverando, orando e pedindo a graça de Deus”, recordou. Passada a pandemia de covid-19, Adriano continuou na escola diaconal e concluiu seus estudos em julho deste ano.

Sua ordenação estava prevista para maio do ano que vem. Mas, o bispo de Novo Hamburgo, dom João Francisco Salm, decidiu adiantar a ordenação para este mês de novembro, por causa da saúde frágil do padre Paulo Müller. “O pai está com oxigênio, tem problemas de ar, pegou covid e ficou muito debilitado. Então, ficamos receosos de que daqui a pouco o pai poderia não estar”, disse o diácono.

Adriano tem dois filhos, que também são casados, e três netos. “Eu amo o que faço e dedico o meu tempo para Jesus. Tenho a minha família na rocha do Senhor, graças a Deus. Por isso, minha dedicação a esse meu diaconato, à minha família, à Igreja, às minhas comunidades aqui da paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro Rondônia”, disse.

Para ele, é “uma bênção de Deus” ter na família um sacerdote e um diácono permanente. “Não tem palavras, é, cada vez mais, Jesus agindo no meio de nós, é nossa busca pela nossa santificação, todos caminhando juntos, no amor e na dor”, disse e ressaltou que “agora é alegria, mas, mesmo tendo o pai sacerdote e eu diácono, as dificuldades também batem à nossa porta. E sempre temos que ter muita coerência de vida cristã, muita sabedoria para enfrentar as tribulações”.