“Atualmente no Brasil existem quase 6 mil diáconos ordenados até o primeiro semestre de 2023, e com previsão de muitas outras ordenações até o final do ano, segundo as estatísticas dos órgãos da igreja, é a vocação que mais cresce anualmente não só no Brasil, mas em todo o mundo”, disse hoje (10), Dia do Diácono Permanente, o diácono Antônio Oliveira dos Santos, da arquidiocese de Palmas (TO).

Ele é vice-presidente da Comissão Nacional dos Diáconos (CND), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Para ele, “a missão atual do diácono é sair do presbitério para ir em busca das ovelhas perdidas da casa de Israel”.

A palavra diácono vem do grego “diáconos” que significa servidor, sua missão principal é o serviço da caridade, mas também da Palavra e da liturgia. Estabelecido pelos apóstolos, como conta o livro dos atos dos Apóstolos (6, 1-6), a vocação de diácono permanente caiu em desuso e foi pelo papa são Paulo VI, em 1967

“Nos tempos atuais o ministério diaconal tem um vasto campo de missão, como frequentemente nos fala o papa Francisco, ‘precisamos ser uma igreja de saída, que tem o cheiro das ovelhas’, e essa é a missão atual do diácono”, disse o diácono Santos em entrevista à ACI Digital.

 Os diáconos permanentes, segundo Catecismo da Igreja Católica, podem distribuir a comunhão, dar bênçãos, dar a bênção do Santíssimo Sacramento, assistir e abençoar casamentos, fazer os batizados, celebrar as exéquias, os funerais, fazer homilias, celebrações da Palavra, presidir sacramentais e dedicar-se a diversos serviços de caridade.

Segundo Santos, “em quase todas as dioceses do Brasil existem diáconos ordenados, os bispos têm entendido a importância da presença diaconal na missão e isso tem contribuído para o crescimento do número de ordenações”.

Santos, de 55 anos, recebeu a ordenação no dia 12 de outubro de 2011, depois de passar por uma formação de cinco anos e hoje serve na arquidiocese de Palmas (TO) e faz parte da comunidade Sementes do Verbo, mora numa casa de missão “onde acolhe crianças e adolescentes em vulnerabilidade social”. É uma missão da família na qual a sua mulher é assistente social e a filha exerce a missão de psicóloga do projeto. Ele também trabalha como tesoureiro da mitra arquidiocesana de Palmas.

Ele contou à ACI Digital que desde o início de seu chamado ao diaconado, a sua mulher e os seus filhos tiveram “uma participação ativa no processo formativo e ministerial”, aceitando “com alegria o caminho diaconal”.

Segundo as Diretrizes para o Diaconado Permanente, da CNBB, “a família do diácono, Igreja doméstica, constitui o primeiro campo da sua ação ministerial”. “O diácono casado não descuidará do seu lar sob o pretexto do exercício do ministério” e “estará sempre atento para que os trabalhos diaconais não o afastem da necessária convivência com a esposa e os filhos”.

O diácono Gilmar Pereira dos Santos, da diocese de Nova Iguaçu, contou à ACI Digital sobre o desafio que enfrentou no tempo de preparação para o diaconado, tendo que conciliar o “trabalho, Igreja, seminário e família”. Os primeiros seis meses foram tão complicados que teve “vontade de desistir”, mas depois de cinco anos de estudo no seminário e dois anos de estudo na escola diaconal ele foi ordenado em 2015.

Pereira dos Santos, de 58 anos, trabalha como motorista e diz que é um apaixonado pela Igreja. Ele considera que o seu ministério é uma bênção “que Servir ao Senhor é a coisa mais linda, na nossa vida como católicos, seja como leigo, padre ou diácono, tem que ser tudo. Servir ao Senhor com alegria, servir ao Senhor, servir ao povo que está necessitando ser bem acolhido pelo clero, pela Igreja, pelos padres, pelos diáconos”. “Nas minhas celebrações, procuro dar a Palavra direcionada para a Salvação do nosso povo, que precisa muito disso. Levar Cristo ao coração do povo”.

“O povo hoje está muito pagão, não estão indo para outra denominação de Igreja, estão largando a Igreja, não estão indo em Igreja nenhuma. Isso não pode acontecer”, continuou ele.

O diácono Marcos Carvalho, da diocese de Petrópolis, falou à ACI Digital sobre como os fiéis veem o diácono permanente, que muitos ainda o confundem com o padre, e têm vontade de saber como “é viver a dupla sacramentalidade, se admiram e buscam saber como acontece todo o processo e formação, vida familiar, trabalho e lazer”.

Por poderem casar, os diáconos são os únicos católicos que podem receber todos os sete sacramentos: batismo, eucaristia, confirmação, casamento, ordem, penitência e extrema unção.

“No âmbito familiar, o diácono deve buscar sempre viver a sua dupla sacramentalidade (matrimônio e ordem) também em equilíbrio, pois antes de ser diácono, ele é um chefe de família, ou seja, é marido e pai”, disse. 

“O marido, assumindo um segundo sacramento que também imprime caráter, precisa constantemente buscar viver o equilíbrio entre ambos, pois apesar de ser diácono ele é marido e pai e precisa também se fazer presente”, acrescentou.

“De uma forma geral, os diáconos são vistos hoje na Igreja como uma importante força na Missão da Igreja e um grande auxílio aos sacerdotes, pois com especificidade de sua vocação, ‘o serviço’ proporcionam ao sacerdote mais tempo para exercer sua vocação de pastor de um rebanho”, acrescentou ele.

O diácono Carvalho, de 60 anos, é coordenador de projetos na mitra diocesana de Petrópolis (RJ). Sobre a pressão de certos setores da Igreja para a ordenação de mulheres ao diaconado, ele acha que “se acontecer algum dia a ordenação de mulheres ao diaconado a instituição família será fortemente afetada, e vale relembrar que o primeiro sacramento assumido diante de Deus pelos dois foi o matrimônio”. Isso porque o diácono casado e pai de família assume muitos compromissos em sua vocação, assim, o papel da mulher de um diácono no lar fica mais exigente, pois ela é a referência e os filhos precisam desta referência para seu crescimento e formação.

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