“Até os ambientes secularizados nos são úteis para a conversão, pois a interação com os não-crentes estimula o crente a uma contínua revisão do seu modo de crer e a redescobrir a fé na sua essencialidade”, disse o papa Francisco durante a Audiência Geral de hoje (8).

Continuando o seu ciclo de catequeses sobre a paixão pela evangelização e o zelo apostólico, o papa Francisco dedicou a Audiência Geral de hoje à reflexão sobre a venerável serva de Deus Madeleine Delbrêl, escritora e mística francesa agnóstica que encontrou a Deus.

Madeleine também foi assistente social e viveu durante mais de trinta anos nos subúrbios pobres de Paris. Por volta dos 20 anos descobriu o Senhor e se converteu ao catolicismo. Ela chegou a escrever que “uma vez que conhecemos a palavra de Deus, não temos o direito de não a receber; quando a recebemos, não temos o direito de não a deixar encarnar-se em nós; quando se encarna em nós, não temos o direito de a conservar para nós: a partir daquele momento, pertencemos àqueles que a esperam”.

O papa disse que “a alegria da fé leva-a a amadurecer uma opção de vida inteiramente dedicada a Deus, no coração da Igreja e no coração do mundo, simplesmente compartilhando em fraternidade a vida das ‘pessoas de rua’”.

Ele disse que a venerável francesa cunhou o termo “espiritualidade da bicicleta” para explicar que a fé “não consegue ficar de pé sem estar em movimento. Só podemos estar de pé avançando, movendo-nos, num ímpeto de caridade”.

Para o papa Francisco, “só a caminho, correndo, vivemos no equilíbrio da fé”, o que significa ter “o coração continuamente em saída”.

O papa destacou outra lição que esta mulher deixou: “evangelizando, somos evangelizados”, o que ele definiu como “uma boa doutrina”.

“Olhando para esta testemunha do Evangelho, também nós aprendemos que, em cada situação e circunstância pessoal ou social da nossa vida, o Senhor está presente e chama-nos a habitar o nosso tempo, a compartilhar a vida dos outros, a misturar-nos com as alegrias e as dores do mundo”, disse.

“Em particular – continuou o papa – ensina-nos que até os ambientes secularizados nos são úteis para a conversão, pois a interação com os não-crentes estimula o crente a uma contínua revisão do seu modo de crer e a redescobrir a fé na sua essencialidade”.

Durante a saudação aos peregrinos após terminar a catequese, o papa Francisco falou da importância de sermos “corajosas testemunhas do Evangelho” em um mundo secularizado.

Francisco também lembrou que no mês de novembro devemos ter presentes os nossos entes queridos que morreram e reiterou que as orações podem “fazê-los chegar ao céu”.

Finalmente, pediu para rezar pelas pessoas que sofrem com a guerra. O papa exortou os fiéis a não esquecerem a Ucrânia martirizada e disse que os palestinos e os israelenses são vítimas de uma guerra que começou há um mês. Ele rezou especialmente pelas crianças inocentes e reafirmou que a guerra é sempre “uma derrota”.