No dia 30 de outubro, nasceu na Espanha o primeiro bebê europeu gestado por duas mulheres, através de uma técnica chamada Invocell, uma variante da fertilização in vitro. Sobre o tema, o advogado e especialista em Bioética, Nicolás Lafferriere, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que “a Igreja condena qualquer técnica que substitua o ato conjugal como gerador de vida”.

Invocell é um procedimento parecido à fertilização in vitro. A diferença entre as duas técnicas é que Invocell permite que o período de incubação do embrião ocorra dentro da vagina da mãe, por meio de um dispositivo cilíndrico que depois é implantado no útero.

Além de ser o primeiro bebê europeu concebido por este método, também foi a primeira vez que duas mulheres em união homossexual – Azahara (27 anos) e Estefanía (30 anos) – dividiram a gravidez. Os médicos implantaram a cápsula contendo o embrião primeiro em uma das mulheres e, em seguida, a extraíram e implantaram na outra. É a primeira vez que esta técnica é aplicada com sucesso na Europa.

O que a Igreja ensina sobre a fertilização artificial

Sobre a fertilização artificial, a Igreja emitiu pela primeiro a instrução Donum Vitae, sobre o respeito pela vida humana nascente e a dignidade da procriação. Em 2008, a Congregação (hoje Dicastério) para a Doutrina da Fé publicou a instrução Dignitas Personae, sobre algumas questões de bioética.

Nos dois documentos, a Igreja fala da importância da originalidade da transmissão da vida, que se dá através da união sexual dos cônjuges, e rejeita qualquer intermediação técnica que procure substituir os cônjuges.

O advogado argentino e especialista em Bioética, Nicolás Lafferriere, disse em entrevista à ACI Prensa, que “a Igreja condena, com diversos graus de problemática, qualquer técnica que substitua o ato conjugal como gerador de vida”. E acrescentou: “Donum Vitae é muito clara ao destacar que, se uma técnica permite que o ato conjugal atinja o seu propósito – sem substituir pessoas – não haveria problema moral”.

Para Lafferriere, “a Igreja sempre entendeu que a ciência tinha que trabalhar para superar as causas da infertilidade”, mas – pelo menos no caso da fertilização in vitro – isso não é trabalhado de forma terapêutica.

“Existem iniciativas no mundo e diferentes estratégias terapêuticas que nos permitem ter um diagnóstico específico de qual é a causa da infertilidade para superá-la, tanto nos fatores masculinos como femininos”, disse o advogado argentino.

Lafferriere disse que na maioria dos casos as pessoas não têm noções básicas sobre fertilidade, como os dias do mês em que uma mulher pode engravidar. Lafferriere foi enfático ao dizer que há um grande trabalho educativo a ser feito para informar as pessoas, especialmente os católicos.

“Muitas vezes as situações de infertilidade são resolvidas com algumas estratégias iniciais de conhecimento dos ciclos de fertilidade, o que também gera mais chances de gravidez”, disse.

Há muitos casos em que existem “condições patológicas” em algum dos cônjuges, mas que também podem ser aplicadas “estratégias específicas” para resolver estas realidades, sempre dentro do que a Igreja ensina.

Ele concluiu dizendo que “nem sempre é possível resolver tudo”, mas que, nesses casos, “a Igreja sempre incentivou muito a adoção. Esta é a missão de fundo da Igreja através da Donum Vitae e da Dignitas Personae”.