A pacificação começa nos nossos próprios corações, reconciliando-nos com nós próprios e com Deus através do sacramento da confissão, disse esta semana o cardeal Mauro Piacenza, penitenciário-mor da Santa Sé.

Ao recordarmos as pessoas inocentes que morrem na guerra nestes dias, podemos ter esperança na reconciliação, na misericórdia e na paz de Cristo na confissão, disse o cardeal em carta publicada antes da solenidade de Todos os Santos, celebrada hoje (1).

Piacenza é chefe da Penitenciária Apostólica da Santa Sé, o escritório da cúria romana responsável por questões relacionadas ao sacramento da confissão, às indulgências e ao fórum interno, que é uma forma extra-sacramental de sigilo, ou confidencialidade, aplicada à direção espiritual.

“Estes são dias, para toda a Igreja, de terna lembrança daqueles que nos precederam e, especialmente, nestes tempos trágicos de guerra, de todos os inocentes que ainda, sem saber porquê, continuam a morrer”, escreveu o cardeal de 79 anos.

“Ao mesmo tempo, porém, sejam dias iluminados pela esperança e pela certeza de que os braços de Cristo, abertos na cruz, convidam poderosamente toda a humanidade à reconciliação, à misericórdia e à paz”, encorajou.

Piacenza recordou as palavras de Cristo no monte das Bem-aventuranças: “Bem-aventurados os pacificadores”.

“[Esta é] uma paz que é dada por Deus e que exige ser construída pelas pessoas, a começar pela paz nos seus próprios corações, porque só aqueles que estão reconciliados com Deus e consigo próprios podem ser verdadeiramente pacificadores”, disse.

O cardeal também convidou os sacerdotes a praticarem “grande generosidade” na escuta das confissões, “pois nelas é fortalecido, e no caso de pecado grave, recriado, aquele vínculo indispensável com Cristo”.

O sacramento da confissão fortalece o corpo de Cristo através do milagre do perdão, continuou o cardeal, observando que à medida que “todo” a Igreja se fortalece através do perdão, este perdão pode abrir-se ao mundo inteiro.

Refletindo sobre a celebração dos dias de Todos os Santos e de Finados pela Igreja, nos dias 1º e 2 de novembro, Piacenza lembrou que “a Igreja não é apenas aquela visível diante dos nossos olhos, mas é também aquela 'triunfante' no céu, segundo à comunhão dos santos, e a ‘padecente’, a caminho da plena comunhão com Deus, pela qual rezamos na comemoração dos fiéis defuntos”.

É bom lembrar que a Igreja invisível é a maioria, enquanto a parte visível é a minoria, disse ele.

“O corpo total de Cristo tem uma cabeça, que é o próprio Cristo, enquanto o seu corpo, visível, tangível e audível, é constituído pelos irmãos e irmãs concretos, por vezes chocantes, que estão ao nosso lado e que vivem a mesma pertença no mistério”, acrescentou o cardeal.

“A cruz de Cristo, que é representada sacramentalmente na Eucaristia e cujos frutos se estendem ao sacramento da reconciliação, é para todos”, disse Piacenza, “e os seus dons são derramados nos corações através do Espírito. A Igreja oferece a todas as pessoas a oportunidade de serem abraçadas pelo mistério. A Igreja é para todos, todos, todos, porque é católica, universal e porque é una”.