O papa Francisco poderia visitar os Emirados Árabes Unidos em novembro para participar da 28ª conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, a COP28, segundo fontes do Vaticano. Esta decisão pode marcar um desenvolvimento significativo tanto na diplomacia climática como no diálogo inter-religioso, mas também não é isenta de riscos.

A conferência vai se concentrar em cortes ambiciosos de emissões até 2030. Espera-se que vários líderes mundiais, políticos e ativistas participem.

Um compromisso com a política climática

A possível participação do papa na conferência, marcada para 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, surge na sequência da sua recente reunião com o sultão Ahmed al-Jaber, ministro da indústria dos Emirados Árabes Unidos e presidente designado da conferência climática da ONU.

Os dois líderes discutiram a necessidade de um “plano de ação detalhado” para implementar o acordo de Paris.

Francisco tem sido um defensor vocal da gestão ambiental. A sua exortação apostólica Laudate Deum, lançada em 4 de outubro, faz um apelo a um acordo vinculativo e exorta os líderes mundiais a agirem de forma decisiva.

Embora a presença do papa possa conferir peso simbólico à conferência, também levanta questões sobre o papel dos Emirados Árabes Unidos como anfitrião. Francisco expressou preocupação com o fato dos países serem exportadores significativos de combustíveis fósseis, apesar dos investimentos em energias renováveis.

Um ato de equilíbrio no diálogo inter-religioso

O interesse do papa nos Emirados Árabes Unidos vai além das preocupações ambientais. O país tem sido um ator significativo na promoção do diálogo inter-religioso, especialmente com a assinatura da declaração sobre a Fraternidade Humana em 2019, endossada em conjunto pelo papa Francisco e pelo grande imã Ahmad al Tayyb.

No entanto, o foco do papa no islã sunita, predominante nos Emirados Árabes Unidos, levantou preocupações sobre a marginalização de outras tradições islâmicas e sobre o papel mais amplo da Santa Sé na região.

Por outro lado, o papel da Santa Sé parece diminuir à medida que se envolve mais com os Emirados Árabes Unidos. Em 2018, os Emirados Árabes Unidos e a Santa Sé criaram um comitê para construir um local para diferentes religiões chamado Casa da Família Abraâmica. Embora o comitê pretenda incluir várias religiões, é liderado principalmente por figuras muçulmanas.

Em algumas situações, o grande imã de al-Azhar recebeu até mais importância do que o papa.

Quer o papa ou o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, assumam o cargo de chefe da delegação, Francisco vai continuar a afirmar a sua mensagem de paz e preocupação ambiental, aumentando a sua importância no cenário global.